Bandido não fez e nem participou da elaboração do código penal brasileiro. Crianças e adolescentes também não opinaram na elaboração do ECA, e assim o povo não foi ouvido para colaborar na elaboração da maioria das leis, algumas delas, ainda são do século passado e sofreram poucas modificações
Manoelzinho Canafístula
Hoje é feriado no estado de São Paulo. Os paulistanos comemoram o Dia da Revolução Constitucionalista, também conhecido por Dia da Revolução e do Soldado Constitucionalista.Esta data é uma homenagem ao movimento contra a ditadura de Getúlio Vargas, realizado em 1932 pelos paulistas.
Saindo de São Paulo e voltando as
nossas origens, ontem a Justiça cearense proferiu sete condenações históricas,
as sentenças foram as mais esperadas do século para o povo da terra da Pedra Cheirosa.
Após uma dona de casa buscar junto ao INSS um benefício de auxilio, ela
descobriu que foi vítima de uma organização criminosa, montada para desviar
dinheiro público. As suspeitas foram confirmadas após minucioso e dedicado
trabalho de investigação feita pela Polícia Civil e o Ministério Público do
Ceará.
Foi descoberto um esquema montado em
2006 e que ao longo de 10 anos provocou graves e irreparáveis prejuízos ao
erário público e ao povo itaremense. Pela primeira vez na história da
República, um Poder Legislativo funcionou irregularmente em diversos aspectos,
ferindo de morte a Lei Orgânica Municipal e as constituições estadual e
federal.
Único Poder Legislativo, cuja maioria
qualificada de sua composição é de suplentes, e o pior, os vereadores afastados
e acusados por graves crimes contra a administração pública, continuam
recebendo seus subsídios como se nada estivesse acontecendo. O ordenamento
jurídico brasileiro requer uma minuciosa revisão de toda a legislação,
especialmente as que tratam de crimes cometidos pelos agentes políticos e
agentes públicos.
Mas, bandido não fez e nem participou
da elaboração do código penal brasileiro. Crianças e adolescentes também não
opinaram na elaboração do estatuto, e assim o povo não foi ouvido para
colaborar na elaboração da maioria das leis, algumas delas, ainda são do século
passado e sofreram poucas modificações. O escândalo de corrupção de Itarema,
sob olhar macro, deixas preciosas lições de aprendizagem política. Primeiro
ascende a chama de que temos a obrigação de aprender a escolher melhor quem vai
nos representar política e administrativamente, pois delegar poderes a pessoas
despreparadas e de caráter duvidoso, tem trazido sérios e graves prejuízos ao
povo e ao país, especialmente aos mais humildes.
A segunda lição é não passar a mão na
cabeça de político de conduta duvidosa, quem faz isso, ou tem esse hábito, pode
ser considerado cúmplice de seus atos. O Brasil só ficará livre desse tipo de
político quando o povo utilizar a mais poderosa arma que dispõe, o voto. E
assim poderão ser pulverizados definitivamente da vida pública, especialmente
aqueles políticos que em nada contribuíram para o desenvolvimento de seu povo e
de sua terra.
A sentença proferida é pequena, diante
de tantos prejuízos causados ao erário público, a sociedade e a história. São
manchas que jamais serão apagadas, e que devem servir de exemplo para prevenir
novos e futuros erros, afinal errar é humano e aceitável, porém, reproduzir
erros, além de desumano é um ato reprovável, e que em nada contribui para o
desenvolvimento do ser humano.
Cada um de nós somos responsáveis por
nossos atos. Querer atribuir a alguém qualquer responsabilidade para justificar
nossos erros é falta grave, e demonstra total desconhecimento das leis que
regem a criação, especialmente a lei da reciprocidade. Portanto, sejamos sempre
fiéis aquilo em que acreditamos, pois, parafraseando Mahatma Gandhi, jamais
podemos acreditar em algo e não vivê-lo. Esse é o maior ato de desonestidade
que qualquer ser humano pode cometer. E isso sim, pode levar o ser humano ao
mais baixio de suas derrotas.
Manoelzinho Canafístula é jornalista e editor do Blog "Os Três Guardiões".
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