Desde dezembro do ano passado, a
UECE suspendeu o resultado final e definitivo do concurso, os candidatos aprovados
reivindicaram a publicação e posse dos aprovados com base em um TAC assinado
entre o MP e os vereadores
Presidente do Parlamento Manoel Mecias de Andrade disse que a transmissão da sessão ordinária da Câmara pela internet é um Luxo - Foto: Reprodução |
Após uma intensa batalha travada
desde dezembro do ano passado pelos candidatos aprovados no Concurso Público da
Câmara Municipal de Itarema, um resultado positivo foi divulgado na tarde desta
terça-feira (26), a Promotora de Justiça Naiara Dantas, convocou os 13
vereadores para uma última audiência no fórum da cidade, e foi enfática ao
afirma que o prazo para o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) havia terminado
e que até o dia 21 de março, a Câmara deveria apresentar um oficio relatório
junto a promotoria, atestando o cumprimento de todos os acordos firmados há 16
meses.
Em sessão realizada na noite desta
quarta-feira (27), o presidente Manoel Mecias de Andrade, disse que a Câmara
terá que economizar para conseguir pagar a divida outrora assumida, disse ainda
que seus planos no semestre seria equipar os gabinetes e contratar um assessor
parlamentar para cada vereador, “teremos que adiar esse projeto, pois não temos
dinheiro suficiente”, ressaltou. O chefe do parlamento disse ainda, que
pretende executar um luxo na Câmara, a transmissão das sessões ordinárias ao
vivo via internet.
Ao declarar que tinha a intenção de
nomear 13 assessores para os vereadores, Mecias esqueceu que antes precisa
convocar e empossar todos os 17 servidores aprovados no concurso público, sob
pena de incorrer em crime de responsabilidade, a Câmara só pode gastar até 70%
de seu orçamento com a folha de pagamento e não pode ter um numero de
servidores comissionados, superior aos cargos efetivos, de acordo com a lei
municipal aprovada no ano passado há 21 cargos comissionados e 17 efetivos. A
legislação também determina que uma porcentagem desses servidores efetivos ocupem
alguns dos cargos comissionados, entre eles, na Comissão de Licitação, que em
sua composição deve ter 2/3 de servidores do quadro efetivo.
Entenda o caso - A Câmara
Municipal de Itarema, litoral oeste do estado, vive dois dilemas, um está relacionado
ao escândalo que envolve 9 vereadores, que em junho de 2017 foram investigados
e presos por diversos crimes, entre eles o peculato e aguardam julgamento em
liberdade, porém continuam recebendo R$ 6,5 mil reais por mês dos cofres
públicos, o excesso de despesa do parlamento que ultrapassa R$ 150 mil mensais
deu sequência a outro problema, a contratação de pessoal efetivo para o
funcionamento do poder legislativo municipal.
Ação
Civil Pública - Ministério
Público Estadual está movendo uma ação civil pública contra a Câmara de
Vereadores para obrigar o parlamento a resolver os problemas relacionados ao
corpo de servidores efetivos, a casa não possui um único servidor de carreira,
todos são contratos temporários, o que gerou o maior esquema de corrupção já
identificado na história do município, que completou no ultimo dia 5 de
fevereiro 34 anos de emancipação política.
TAC - A
então Promotora de Justiça de
Itarema, Mayara Menezes Muniz, convocou todos os vereadores em 03 de outubro de
2017 e juntos assinaram o TAC para a realização no prazo de seis meses, de um
concurso público para o preenchimento de 17 vagas imediatas para servidores
efetivos da Câmara Municipal, ainda segundo o termo o não cumprimento do prazo e
na forma prevista no TAC ensejaria uma execução judicial no valor de R$
1.000,00 reais diários para cada um dos 13 vereadores, suspensão do TAC e a
continuidade da Ação Civil Pública.
Contratação da UECE - A Câmara por sua vez não conseguiu cumprir o primeiro prazo de seis
meses, e pediu junto a Promotora Naiara Barroso que atualmente responde pela
comarca do município, a extensão do prazo, o que foi concedido o prazo de mais
um mês, de acordo com a ata assinada no dia 20 de março de 2018. Após intensas
buscas e saídas viáveis, a Câmara contratou a UECE, através da FUNECE (Fundação
Universidade Estadual do Ceará) e IEPRO (Instituto de Estudos e Pesquisas) para
a realização do concurso. O contrato foi assinado no valor de R$ 246 mil reais,
a prova foi realizada em 9 de dezembro por pouco mais de 500 candidatos, que
estavam aptos a participar do certame, porém a banca decidiu no dia 21 de
dezembro de 2018, suspender a divulgação do resultado final e definitivo do
concurso, com a tentativa de fazer com quem a Câmara pague a dívida contratual.
Batalha dos Candidatos - Um dos candidatos aprovados em primeiro lugar para ocupar a Ouvidoria
Geral da casa, o jornalista Manoel Rosa Filho, suspeitou de que algo estava
errado, requisitou junto a UECE a divulgação do resultado através de um email
enviado em 2 de janeiro de 2019, sem resposta, encaminhou a mesa diretora da
Câmara pedido de toda a documentação relacionada ao concurso, o mesmo pedido
foi feito a UECE, incluindo a prestação de contas da entidade.
“Há uma dívida entre a UECE e a
Câmara, essa dívida não me pertence, se a banca quer receber seu pagamento e
ela está em seu direito, deve buscar as vias judiciais se necessário for, suspender
o resultado foi uma decisão desrespeitosa e infeliz por parte de uma entidade
que é sem fins lucrativos e mantida pelo contribuinte cearense, foi com essa
prerrogativa que ela realizou o concurso com dispensa de licitação, quero,
assim como os demais aprovados o meu resultado publicado”, disse o futuro
ouvidor geral, que em pronunciamento no plenário da Câmara Municipal no ultimo
dia 6 de fevereiro deixou claro que iria lutar até o fim por seu direito.