Diário
do Nordeste
Passados
mais de cem dias desde a primeira ocorrência do derramamento no litoral da
Paraíba, em 30 de agosto, uma faixa de 3,6 mil quilômetros do litoral já foi
atingida pelo óleo
Essa
hipótese refuta completamente a linha mais recente de investigações divulgadas
pela Marinha e pela Polícia Federal, que apontaram, como principal suspeito
pela tragédia, o navio Bouboulina, da empresa grega Delta Tankers. No início de
novembro, o Ministério da Defesa, a Marinha e a PF declararam que, por meio de
geointeligência, haviam identificado uma imagem de satélite do dia 29 de julho
relacionada a uma mancha de óleo a 733,2 quilômetros da costa brasileira, na
região leste do Estado da Paraíba. De um dia para o outro, essa mancha teria
aparecido, na região por onde o navio passava.
A
Delta Tankers negou qualquer tipo de incidente com a embarcação e se
prontificou a auxiliar nas investigações. Nesta semana, a Marinha evitou falar
sobre o assunto em audiência na CPI do Óleo, instalada na Câmara dos Deputados.
A nova
hipótese de que o local de origem seria o mar na região sul da África é
detalhada por Ronald Buss de Souza, pesquisador do Inpe que atua no Grupo de
Acompanhamento e Avaliação (GAA) da crise do óleo. Oceanógrafo, Souza é chefe
de gabinete e diretor substituto do Inpe. Segundo o especialista, modelos
estatísticos que levam em consideração situações tecnicamente reconhecidas
sobre as correntes marítimas, vento e ondas indicam que o óleo, que
efetivamente chegou ao litoral de forma submersa, teria como origem a região
sul da África. O pesquisador, no entanto, não detalhou se seria um acidente com
embarcações ou um vazamento.
Fim
O Inpe
considera ainda que, apesar de não terem surgido novas manchas no litoral
brasileiro, há o risco de que parte do óleo ainda possa estar estocada no fundo
do mar, presa a sedimentos. "A gente tem uma hipótese principal de que
esse derrame aconteceu a partir de abril deste ano, e as manchas só chegaram ao
País, em subsuperfície, de maneira difícil de ser detectada através de imagem
de satélite, em setembro", comentou Ronald Buss de Souza, que participou da
reunião da CPI do Óleo, na quarta-feira.
A
Marinha tem reafirmado que o óleo seria uma mistura de petróleo com origem em
poços da Venezuela. Passados mais de cem dias desde a primeira ocorrência do
derramamento no litoral da Paraíba, em 30 de agosto, uma faixa de 3,6 mil
quilômetros do litoral já foi atingida pelo óleo. São 942 localidades de 129
municípios nas Regiões Nordeste e Sudeste. O levantamento das ações feitas por
Marinha, Ibama e demais órgãos que atuam na retirada do petróleo cru aponta que
5 mil toneladas de óleo já foram coletadas. As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.