A Prefeitura do município, informou que serão abertos mais 12 leitos de enfermaria até a próxima quarta-feira (10). A cidade não possui leitos de UTI, para atender casos mais graves
Diário do Nordeste
Legenda: Para tentar conter a disseminação do coronavírus em Camocim estão sendo realizadas barreiras de segurança sanitária nas principais entradas da cidade - Foto: Matheus Ferreira
O município cearense Camocim teve registro de 238 casos confirmados do novo coronavírus apenas nos últimos quinze dias, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
A cidade que cumpre lockdown desde 1º de junho,
recebeu nessa sexta-feira (5) a visita do secretário de Segurança Pública e
Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE), André Costa, para acompanhar as ações de
fiscalização mais rígidas.
Camocim, que não possui leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), já registra 627 casos confirmados e 18 óbitos pela Covid-19, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do Município, e é apontada como uma das cidades com picos de casos, no momento.
Para tentar conter a disseminação do vírus Sars-Cov-2 na cidade litorânea, uma das ações é o reforço das barreiras de segurança sanitária nas principais entradas da cidade, nas quais cerca de 100 motorista são abordados diariamente, e 20 retornam para o destino de origem.
As barreiras realizadas por agentes da Polícia Militar e do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) de Camocim, promovem ações de medição de temperatura e conscientização da população. A reportagem esteve no local e notou ainda uma grande movimentação nestes pontos.
“A atuação é basicamente de sensibilização e de conscientização junto à população”, esclareceu André Costa, durante a visita ao município. O secretário também destacou que Camocim vem mostrando uma das melhores taxas de distanciamento social, dentre as cidades que decretaram confinamento mais rígido. De acordo com o Gabinete de Gestão de Eventos Complexos (GGEC), a localidade detém um índice de isolamento médio de 59,45%.
Para o funcionário público Raimundo Rodrigues da Silva, proprietário de um sítio localizado em uma área próxima da cidade, o bloqueio de segurança é necessário para a proteção dos moradores. Por ser uma cidade turística, o senhor Raimundo acha que a fiscalização deve ser ainda mais ostensiva. "Aqui sempre vem gente de vários locais. É preciso mais atenção por parte da prefeita para saber quem entra e quem sai na cidade. As pessoas que passam por aqui é por necessidade de comprar uma medicação, mas as de outras cidades devem ser barradas, até porque não tem nada funcionando", acrescenta.
Outra ação implantada no município foi a instalação de túneis de desinfecção no Mercado Central da cidade - Foto: Matheus Ferreira
Outra iniciativa implantada no município foi a instalação de túneis de desinfecção no Mercado Central da cidade, onde apenas bancas de frutas, verduras e frios continuam em funcionamento. Segundo o coordenador do mercado, Francisco Ribeiro da Silva, a prefeita Mônica Aguiar tomou todas as medidas de segurança para manter o local higienizado. O espaço está cercado por disciplinadores e tem duas cabines de desinfecção. Todos que entram no local tem a temperatura medida e o uso de máscara é obrigatório.
"As demais lojas existentes no local só voltarão a funcionar conforme determinação de reabertura expedida pelo governo do Estado e em comum acordo com o Município", acrescenta o coordenador.
Leitos
O município conta apenas com uma Unidade de Pronto
Atendimento (UPA), com dezesseis leitos, para receber casos suspeitos e
confirmados do novo coronavírus, de baixa complexidade,e sete deles já estão
ocupados. A localidade também não possui leitos de UTI, para atender os casos
mais graves, que acabam tendo que ser transferidos para Sobral, cerca de duas
horas de viagem.
O aposentado Edvaldo Roseno da Silva, 74 anos é um dos moradores de Camocim, preocupado com o avanço da pandemia e com aa falta de assistência médica. "Fico em casa e recomendo as pessoas para ficarem também. Vim só fazer umas compras no mercado, mas hoje mesmo já vi gente sem máscara, isso é um perigo para eles para o próximo".
Edivaldo afirma, que no início da pandemia ninguém da cidade acreditava muito. Porém, com o passa do tempo, a população percebeu que a contaminação pelo vírus estava se agravando. "É muita gente morrendo e a gente tem que se precaver. A vida é muito importante e principalmente com saúde, porque você sem saúde a pessoa não vale nada, é uma pessoa apagada", alerta o aposentado.
De acordo com a Prefeitura de Camocim, doze leitos de enfermaria serão abertos na cidade, com previsão para próxima semana, em um anexo montado ao lado da UPA.