Os Três Guardiões: 2020-03-22

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sábado, 28 de março de 2020

Ceará registra mais uma morte por coronavírus e confirma 322 pacientes com a doença

São 4 mortes pela doença registradas no boletim divulgado após 14 dias do primeiro caso da doença no Estado que mostra propagação da doença

Diário do Nordeste
Foto:Divulgação
Mais um paciente morreu devido ao novo coronavírus no Ceará, somando 4 mortes em decorrência da doença, como divulgado pelo governador Camilo Santana, neste sábado (28). A vítima da enfermidade foi um homem de 65 anos, que estava em um hospital de Fortaleza. São 322 pacientes com a covid-19 de acordo com o governador, um aumento de 32 casos em comparação com o boletim anterior da Secretaria Estadual de Saude (Sesa)

Os três primeiros óbitos em decorrência da Covid-19 foram registrados entre 4 e 11 dias após os primeiros sintomas da doença nas vítimas. Entre elas, duas mulheres, de 84 e 85 anos, e um homem de 74 anos. Os três tinham doenças crônicas pré-existentes e moravam na Capital.

Epicentro da pandemia no estado, Fortaleza concentra 304 casos. Dessa vez, Quixadá entra na lista, com duas confirmações. Também contam com detecções da doença os municípios de Aquiraz (7), Maranguape (1), Fortim (1), Juazeiro do Norte (1), Sobral (4), Caucaia (1) e Mauriti (1), segundo o informe epidemiológico da Secretaria da Saúde (Sesa).

Do total de infectados, 38 estão internados em hospitais, sendo 37 em Fortaleza e um em Juazeiro do Norte. Destes, 14 permanecem em enfermarias, enquanto 24 estão em unidades de terapia intensiva (UTIs). Outros cinco pacientes receberam alta hospitalar.

No Estado, o primeiro paciente com coronavírus foi confirmado no dia 15 de março e, cinco dias depois, a Sesa oficializou que o Estado chegou a transmissão comunitária, quando não é possível saber a origem da infecção.

QUEM SÃO AS VÍTIMAS
No Ceará, os três primeiros óbitos por coronavírus ocorreram de 4 a 11 dias após primeiros sintomas, de acordo com informações da Sesa. As vítimas foram duas mulheres, de 84 e 85 anos, e um homem de 74 anos. Os três tinham doenças crônicas pré-existentes e moravam em Fortaleza.

Diário do Nordeste lança cartilha com informações sobre o coronavírus
Veja as últimas notícias do Ceará e do mundo sobre o Coronavírus
De acordo com a Sesa, a mulher de 85 anos morreu quatro dias após apresentar os primeiros sintomas e não passou por internação em unidade hospitalar. Já o homem de 74 anos permaneceu 11 dias com a doença e ficou 5 dias internado. O caso da idosa de 84 anos evoluiu durante nove dias, dos quais dois ela passou em internação. As informações são do sistema oficial de notificação do Ministério da Saúde (Redcap).

CAMILO PRORROGA DECRETO
No Estado, o primeiro caso confirmado de coronavírus foi registrado no dia 15 de março. No dia 20 de março a Sesa oficializou a transmissão comunitária.

Para tentar frear a transmissão da doença, dentre outras medidas, o governador Camilo Santana emitiu um decreto no dia 19 de março restringindo a abertura de espaços como bares, comércios, igrejas e escolas e autorizando somente a manutenção dos serviços essenciais como farmácias, supermercados e hospitais. Hoje, ele prorrogou o Decreto por mais uma semana, até o dia 5 de abril.

Além disso, o Estado segue recomendando o isolamento social como forma de barrar a transmissão do coronavírus que no Estado vem apresentando, apesar das variações, uma curva de contaminação muito alta, com muitos casos confirmados em um curto intervalo de tempo.

Estudantes de medicina da UFC têm pedido para antecipar formatura suspenso

Decisão foi tomada pelo Tribunal Regional Federal da 5a Região após recurso da Universidade

Diário do Nordeste
Foto:Divulgação
Neste sábado (28), o Tribunal Regional Federal, da 5a região, resolveu suspender o pedido de adiantamento de formatura para 90 alunos de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). O motivo, segundo informa o processo, é um pedido de recurso da Universidade. A decisão foi tomada pelo desembargador Fernando Braga.

Na semanada passada, a 115ª turma de Medicina da UFC requisitou o adiantamento da formatura para que os estudantes pudessem reforçar o efetivo de saúde no Estado em tempos de pandemia. Os estudantes foram representados pelo Sindicato dos Médicos do Ceará, e um pedido de Tutela de Urgência foi expedido junto à Advocacia Geral da União (AGU).

A instituição alega que os alunos ainda não estariam com formação completa e, por isso, não poderiam atuar como profissionais plenos. Outro ponto seria o impacto no atendimento dos hospitais universitários onde os alunos atendem, que ficaria com as equipes desfalcadas.

De acordo com o reitor da UFC, professor Cândido Albuquerque, colocar os alunos no para atuar seria uma atitude grave.

“Nós não podemos formar profissionais sem formação completa. Alguns deles não cursaram, por exemplo, os créditos relacionados a pediatria. Como esses alunos iriam tratar crianças?”, salienta, Cândido Albuquerque.

O Sistema Verdes Mares conversou com Narcílio Freitas, um dos alunos envolvidos na ação. Ele informou não haver nenhuma decisão sobre o assunto mas garantiu que “os alunos cursaram pelo menos 95% da grade curricular do curso”.

Outras instituições

Além do pedido dos estudantes da UFC, turmas de medicina da Universidade de Fortaleza, Universidade Federal do Cariri (UFCA) e do campus de Sobral da UFC também entraram com requisição similar no Ceará.

Até o momento, somente os estudantes da Universidade de Federal tiveram os pedidos negados. Ao todo, o Sindicato de Médicos do Ceará representou 232 alunos cearenses junto à Advocacia Geral da União para adiantar as formaturas.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Rompimento de sete açudes ocasionou enchente em Hidrolândia que deixou 500 famílias desabrigadas

A cidade decretou estado de calamidade pública

Diário do Nordeste

Sobrevoo do Corpo de Bombeiros apontou rompimento de sete açudes Foto: Divulgação

Um dia após da maior tragédia de Hidrolândia, o cenário na cidade ainda é de destruição. Aos poucos, o Município com pouco mais de 20 mil habitantes contabiliza os estragos causados pela chuva.

Nesta quinta-feira, 26, o Corpo de Bombeiros sobrevoou a cidade e identificou que o rompimento de sete reservatórios na zona rural ocasionou a enchente no Município.

Conforme relatório da Secretaria de Ação Social de Hidrolândia, as barragens Valdemir, Orlando, Jardel, Gerardo Bastos, Olho D'água, Ipueiras e Pedro Peres não suportaram o volume da água e cederam. A água invadiu parte da cidade e afetou cinco bairros, sobremaneira o Progresso e Vila Freitas.
Foto: Divulgação

Chuva deixa mais de 500 famílias desabrigadas em Hidrolândia

Conforme a prefeita do Município, Iris Martins, mais de 500 famílias ficaram desabrigadas "na maior tragédia já presenciada em Hidrolândia". Os números atualizados da Defesa Civil apontam que 14 casas foram destruídas. Cerca de 100 famílias estão alojadas na Escola Olcino Pereira de Sousa.

Cinco cidades (Ipueiras, Varjota, Sobral, Catunda e Fortaleza) se comprometeram enviar doações para as pessoas afetadas pela enchente. Os municípios de Guaraciaba e Santa Quitéria já mandaram mantimentos (roupas, agasalhos, alimentos e colchões).
Moradores começam a contabilizar os prejuízos causados pela enchente Foto: Divulgação

Ao longo desta quinta-feira (26), médicos, enfermeiros, agentes de saúde e assistentes sociais deram apoio às vítimas. O Município está distribuindo alimentos, água potável, artigos de higiene pessoal e máscaras - para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.

Integrantes da Defesa Civil de Canindé e Sobral dão apoio a operação de reconstrução da cidade que ficou sem energia e telefone durante toda a quarta-feira. O Corpo de Bombeiros realizou ao longo de desta quinta (26), ações por terra e ar, por meio de um helicoptero.
Corpo de Bombeiros realizou o resgate de moradores que ficaram ilhados Foto: Divulgação

Voluntários se mobilizam para doar mantimentos e produtos de higiene a desalojados em Hidrolândia

As doações partem de Fortaleza e municípios vizinhos da cidade atingida pelo desastre

Diário do Nordeste

A empresa localizada em Guaraciaba do Norte enviará ainda hoje (27) as unidades ao município de Hidrolândia Fotos: Divulgação

Após o maior destrate já registrado na história de Hidrolândia, cidade distante 250 km de Fortaleza, ações de solidariedade buscam auxiliar as pessoas impactadas a se reerguer. Na última quarta-feira (25), mais de 500 famílias ficaram desalojadas após o rompimento de sete reservatórios na zona rural do Município. Pensando nisso, grupos de diversos municípios se mobilizaram para enviar mantimentos, roupas, produtos de higiene e quaisquer utensílios que possam ser utilizados pelos desabrigados.

A influenciadora digital, Edith Gomes, que possui 270 mil seguidores em uma de suas redes sociais, foi uma das pessoas que aderiu à campanha, mesmo morando em Fortaleza. “Foram meus seguidoras de Hidrolândia que mandaram mensagens. Conversei com as meninas envolvidas e elas me passaram todas as informações”, lembra a digital. Após isso, ela divulgou vídeos nas redes sociais pedindo doações. “Eles estão precisando de tudo, roupas, comida, produtos de higiene”, pediu. Edith também mostrou peças de roupa que separou para serem doadas às famílias impactadas.

Rompimento de sete açudes ocasionou enchente em Hidrolândia que deixou 500 famílias desabrigadas

A voluntária Mellyne Nascimento, que reside em Fortaleza mas possui família em Hidrolândia, foi uma das responsáveis por iniciar o movimento de doações na Capital. “Eu e minha tia (Gislene Marinho) iniciamos com os pedidos de doação, ontem (26) pela manhã. Viemos hoje (27) para Hidrolândia com 30 cestas básicas e muitas roupas e lençóis”, garante. “Com a divulgação nas redes sociais das blogueiras Vih Rocha e Edith Braga, estamos recebendo valores por transferência bancária e comprando material de higiene. Eles são produtos mais caros”, ressalta a voluntária.

Arrecadação

Em Fortaleza, os pontos de arrecadação estão sendo no bairro Joaquim Távora e no Dionísio Torres. Os mantimentos serão levados ao Município a medida que chegarem mais doações, que serão direcionadas à Secretaria da Assistência Social de Hidrolândia. No local, que também recebe doações locais, o material é separado e enviado aos colégios onde estão os desabrigados.

O vice-prefeito da cidade, Valeriano Mourão, disponibilizou um veículo particular para levar os mantimentos. “A gente até colocou o endereço, porém, como algumas pessoas não querem sair de casa por conta do coronavírus, elas entram em contato e nós passamos recolhendo o material nas residências”, explica o representante. “Com volume maior, a gente contrata ou disponibiliza um carro da Prefeitura”.

 “Depois de noticiada a tragédia, as cidades vizinhas Santa Quitéria, Ipu, Ipueiras, Varjota, Nova Russas, Reriutaba, Pires Ferreira, e outra instituições, como Cáritas, Arquidiocese de Sobral, Sesc, Mesa Brasil, e outros amigos se mobilizaram e fizeram vários arrecadações como roupas, mantimentos, material de limpeza. Materiais de higiene pessoal e alimentos é o que temos, hoje, mais necessidade”, ressalta Valeriano. Desde ontem, a cidade recebe doações de cidades vizinhas e estabelecimentos que se solidarizaram com a situação da cidade.

Pontos de coleta em Fortaleza:
Rua Marcondes Pereira, 395, Joaquim Távora - Condomínio Ana Maria, Apto 201 - Bloco C;
Rua Visconde de Mauá, 3150, Dionísio Torres - Ap 202 - Bloco B


Pesquisadores de Oxford projetam 478 mil mortes por covid-19 no Brasil


Por Sylvio Costa / Congresso em Foco


Coronavírus visto em microscópio Divulgação/Josué Damacena (IOC/Fiocruz) Divulgação /Josué Damacena (IOC/Fiocruz)

O título acima pode ser uma novidade para você e para a quase totalidade dos brasileiros, para os quais ainda é difícil entender a pandemia de covid-19 e sua dinâmica de disseminação. Não é para a comunidade científica. A previsão consta de um estudo preliminar, publicado por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, no dia 14 de março.

Vários portais científicos o reproduziram. Para preservar a necessária autenticidade, em prejuízo da estética e em nome da absoluta transparência, segue o link onde ele foi publicado pela primeira vez na internet (em inglês): https://osf.io/fd4rh/?view_only=c2f00dfe3677493faa421fc2ea38e295

Embora tenha caráter preliminar, o trabalho vem de um importante centro de pesquisas, o Centro de Ciência Demográfica Leverhulme, ligado a uma universidade de grande prestígio. Leva a assinatura de oito cientistas: Jennifer Beam Dowd, Valentina Rotondi, Liliana Andriano, David M. Brazel, Per Block, Xuejie Ding, Yan Liu e Melinda C. Mills.

O nome da primeira delas, Jennifer Beam Dowd, mais a palavra "coronavirus", sem acento conforme exige a grafia inglesa, gerava no Google, às 15h desta quinta-feira (26), 687 mil resultados

Print screen do resultado da pesquisa no Google.

O número de resultados cresce a cada dia, sinal de que talvez seja uma tese digna de atenção. Ainda mais quando vem de uma universidade, diga lá Wikipédia... não, não precisa entrar. Tá no Google o total de prêmios Nobel e de primeiros-ministros britânicos que saíram de lá.


No total, 50 prêmios Nobel e 27 primeiros-ministros britânicos passaram por Oxford.

O estudo também foi citado em português, de modo discreto e inteligente, em esclarecedora reportagem da Piauí (dá um pulinho lá depois pra conferir). Se você ainda estiver aí, a gente segue porque agora começa a parte mais interessante.

O Congresso em Foco teve acesso ao estudo na mesma data em que foi publicado. Ou seja, dois dias depois de a nossa equipe entrar em regime de auto-quarentena. Optou por não publicar para não causar pânico. A decisão derivou do aprendizado internacional. Em situações de pandemia, o que se espera de um veículo de comunicação com o mínimo de responsabilidade social é colaborar com as autoridades de saúde em nome do bem comum. Não se trata de autocensura. Mas de evitar a disseminação da doença em escala global (que é o que define uma pandemia) e todas as consequências possíveis: internações hospitalares, óbitos, quebra de empresas, desemprego, desespero, fome, saques, revolta. Pandemia é coisa feia. Uma pesquisa banal em fontes públicas é suficiente para fazer você perder uma noite de sono.

Deixamos a íntegra disponível em nosso ambiente e repassamos o documento ao Ministério da Saúde, na esperança de obter explicações tranquilizadoras e de informações que nos ajudassem a conhecer melhor o assunto e cobrir os efeitos da pandemia no país informando ao máximo, com o menor prejuízo possível a quem mais importa nessa hora, a galera da linha de frente da batalha: médicos, outros profissionais de saúde e os gestores da crise nos diferentes órgãos públicos envolvidos, com papel preponderante do Ministério da Saúde.

Constrangido várias vezes de público pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, era naquele momento um pêndulo importante da estabilidade político-institucional. Recebeu apoio dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal para adotar as medidas técnicas necessárias, deixando de lado Bolsonaro, que perdeu a interlocução com os governadores, o Congresso, os principais grupos de comunicação e é, de modo crescente, questionado dentro de um território onde até aqui ainda reina com segurança, a Procuradoria-Geral da República, à qual cabe propor investigação contra a autoridade máxima da nação.

A ordem, nos gabinetes mais influentes do Legislativo, era grudar em Mandetta com o objetivo de protegê-lo de Bolsonaro e evitar o pior. Para não ser acusado de omisso, o Congresso em Foco usou o seu boletim de análise de cenários destinado a assinantes pagos, o Farol Político, para publicar informação de forma discreta, poucos dias antes da Piauí.


Trecho da edição 13 do Farol, distribuída em 19 de março.


Aqui congelamos a cena. Se você tiver um pouquinho de paciência, contamos a parte mais árida da história - o estudo técnico - e voltamos para fechar com Mandetta e a decisão de publicar o estudo.


Cabeçalho da publicação dos pesquisadores de Oxford.

No texto de Oxford (íntegra em inglês), que anexamos integralmente ao Farol Político da semana passada e enviamos a outras autoridades federais em busca de respostas, a contabilidade que fizeram Justus, o dono do Madero e o herdeiro do Giraffas ganhou outra dimensão: 478.629 mortes.

O estudo sustenta, como tantos outros, que o crescimento e o impacto da pandemia de covid-19 estão relacionados com a composição etária da população. Mais velhos, mais riscos. Essa é uma das razões para a Itália, um país rico, ter tido muito mais óbitos do que a China. E mergulha na análise do que tem acontecido até agora, na expansão da pandemia em cada país, enfatizando "a necessidade de compreender a dinâmica de interação de cada população com a pandemia agora e no futuro".

Ao fazer as projeções de expansão do vírus, considerando as características de diferentes países, o estudo trouxe preocupações específicas em relação ao Brasil. Após analisar as taxas de disseminação e mortalidade do covid-19 em várias nações, encontrou, no caso brasileiro, dois problemas: um percentual relativamente alto de idosos e, ao contrário de China e Europa, serviços de saúde precários.

Literalmente, afirma o estudo, numa tradução com alguma liberdade para adaptar:

"No Brasil, que tem 2,0% da população com idade de 80 anos ou mais, o cenário estimulado conduz dramaticamente a mais mortes (478.629), comparado a Nigéria (137.489), onde a mesma fração etária é somente 0,2%."



Trecho do documento original que projeta a quantidade de mortos por covid-19 no Brasil
O estudo também alertou para problemas nos registros de casos de covid-19:

"Neste momento, poucos países estão divulgando rotineiramente dados de covid-19 com informação demográfica chave, como idade, sexo e comorbidades".

Comorbidade ocorre quando duas ou mais doenças estão correlacionadas entre si. No caso da presente pandemia, é fundamental tratar de forma diferenciada os diabéticos, hipertensos e portadores de doenças respiratórias (COPD em inglês, DPOC em português). Ter esses dados poderia, sugerem os pesquisadores, refinar muito o controle preventivo do covid-19.

Insiste o trabalho, por fim, que "a concentração do risco de mortalidade nas faixas etárias mais velhas permanece como um dos melhores instrumentos para prever o fardo de casos críticos e assim o planejamento e a disponibilidade de leitos, pessoal especializado e outros recursos".

Um dos gráficos do trabalho inclui o Reino Unido e os Estados Unidos, para os quais os prognósticos são também bastante preocupantes, e aponta na mesma direção: países com população mais idosa deverão ter um total de mortes maior que países com população mais jovem. O número total de mortes esperadas por grupo etário baseou-se na expectativa de que 40% da população de cada país seja infectada. No caso do Brasil, isso corresponderia a... se segura, amiga e amigo, que a coisa é pesada... 83,6 milhões.


Outro ponto levantado, igualmente em desfavor do Brasil: costumes familiares de muita proximidade física propiciam o espalhamento da doença. Segundo os autores, esse é o caso da Itália, onde existe contato físico direto e diário entre crianças, pais, avós e vizinhos. E aqui acrescento eu, para sua melhor compreensão: imagine então no caso da população brasileira, que em boa parte vive em favelas e em aglomerações muito povoadas - sem falar dos presídios e da nossa vocação para abraçar, beijar, pegar na mão.

A íntegra pode ser acessada aqui.

Transcrevemos tudo o que recebemos do Ministério da Saúde sobre o estudo, no último dia 17:

"Com base na evolução dos casos de coronavírus no Brasil, até o momento, estima-se que, sem a adoção das medidas propostas pela pasta para prevenção, o número de casos da doença dobre a cada três dias. O Ministério da Saúde trabalha com essa projeção. A evolução dos casos e mortes depende de uma série de fatores.

As capitais Rio de Janeiro e São Paulo já registram caso de transmissão comunitária, quando não é identificada a origem da contaminação. Com isso, o país entra em uma nova fase da estratégia brasileira, a de criar condições para diminuir os danos que o vírus pode causar à população. Em videoconferência com profissionais das Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país, o Ministério da Saúde anunciou, na última sexta-feira (13), recomendações para evitar a disseminação da doença. As orientações deverão ser adaptadas pelos gestores estaduais e municipais, de acordo com a realidade local.

Atitudes adotadas no dia a dia, como lavar as mãos e evitar aglomerações, reduzem o contágio pelo coronavírus. O Ministério da Saúde recomenda a redução do contato social o que, consequentemente, reduzirá as chances de transmissão do vírus, que é alta se comparado a outros coronavírus do passado.

Não há uma regra única para todo o país. Cada região deve avaliar com as autoridades locais o que se deve fazer caso a caso. Neste momento, nós não temos o Brasil inteiro na mesma situação, por isso é importante analisar o cenário de casos e possíveis riscos.

As medidas gerais válidas, a partir desta sexta-feira (13), a todos os estados brasileiros, incluem o reforço da prevenção individual com a etiqueta respiratória (como cobrir a boca com o antebraço ou lenço descartável ao tossir e espirrar), o isolamento domiciliar ou hospitalar de pessoas com sintomas da doença por até 14 dias, além da recomendação para que pacientes com casos leves procurem os postos de saúde. As unidades de saúde, públicas e privadas, deverão iniciar, a partir da próxima semana, a triagem rápida para reduzir o tempo de espera no atendimento e consequentemente a possibilidade de transmissão dentro das unidades de saúde.”

É muito pouco. Não perca tempo com debates científicos sobre “isolamento horizontal” (isto é, fica todo mundo em casa) ou “isolamento vertical” (confinamento apenas de populações vulneráveis). Só existe uma receita tecnicamente segura contra o covid-19: ficar em casa. Claro que trabalhadores de atividades essenciais precisam manter em funcionamento os serviços de saúde, a segurança pública, o abastecimento de atividades essenciais, mas isso precisa respeitar protocolos que, de modo geral, o Ministério da Saúde tem sido incapaz de divulgar e coordenar.


Eixão Sul, uma das principais vias de Brasília, DF.Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A desinformação prevalece e as pessoas recebem orientações desencontradas: o governador fala uma coisa, o prefeito outra e o presidente é objeto de notícia-crime, pelo “histórico das reiteradas e irresponsáveis declarações” sobre o tema.
A pessoa, principalmente a mais simples, fica sem saber o que fazer. E Bolsonaro tenta convencê-la de que a culpa é dos governadores, que prejudicam a economia e fabricam o caos. Mestre das narrativas, ainda convence muita gente.

A ciência não está do lado dele, contudo. Os governadores (nem todos, porque alguns vão muito mal) estão, de modo geral, aplicando o que se sabe para reduzir os danos das falas presidenciais, da descoordenação do Ministério da Saúde e de problemas que muitos estados e cidades enfrentam na ponta: faltam testes, leitos, pessoal e, sobretudo, informação.

Alerta – no caso de diabéticos, hipertensos, portadores de doenças respiratórias e idosos de 80 anos ou mais, é insuficiente fazer quarentena. Essa permite uma eventual – mas rara – saída controlada, mantendo distância mínima de um metro em relação a outra pessoa, evitando qualquer contato da mão com objetos compartilhados e adotando outras providências.

Para os grupos mais vulneráveis, o recomendável é isolamento total: desinfectar toda casa com álcool 70 (chão, paredes, móveis), não sair para nada e adotar outras medidas que, num modelo bem mais rígido que o prescrito pelo Ministério da Saúde, o Congresso em Foco descreveu aqui.

Muito há a descobrir sobre a pandemia, muito mais poderíamos falar sobre essa parte mais técnica, mas precisamos voltar a Mandetta.


O ministro da Saúde, Luiz Henrique MandettaFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

De modo breve: Mandetta capitulou. Apoiado pelo Supremo e por praticamente todo o Congresso (esquerda, direita e centro), encampou o discurso de Bolsonaro, que resolveu subir no tom contra os governadores e a mídia e mandar as crianças brasileiras para escolas infectadas.
Infelizmente, ainda há muita coisa a contar. Deixamos para o próximo capítulo as razões que nos levaram à decisão de publicar no título acima uma informação pública que o Congresso em Foco jamais gostaria de ver nesta página.

Enquanto isso, em Brasília por exemplo, o transporte público continua a funcionar, os casos se avolumam e se ouve o barulho do relógio...

Coronavírus no Ceará: 4.129 casos suspeitos estão em investigação


Conforme a Sesa, o maior pico de notificações de suspeitas ocorreu no dia 17 de março. A curva epidemiológica da doença mostra que os casos começaram a subir a partir do dia 9 de março

MATHEUS FACUNDO - O Povo


Mapa mostra a distribuição dos casos suspeitos, confirmados e óbitos por coronavírus no Ceará (Foto: Reprodução/Sesa)

Com 238 confirmações laboratoriais do novo coronavírus e três óbitos decorrentes da doença, o cenário do novo coronavírus - o Covid-19 - no Ceará conta com 4.129 pacientes suspeitos em investigação. A informação foi divulgada por meio do boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) na noite desta quinta-feira, 26. O documento não especifica o município de residências da suspeições, apenas dos confirmados.

Conforme a Sesa, o maior pico de notificações de suspeitas ocorreu no dia 17 de março. A curva epidemiológica da doença mostra que os casos começaram a subir a partir do dia 9 de março. Em mapa divulgado no boletim da secretaria, é possível perceber que os casos suspeitos se estendem por boa parte do território cearense.

Sete dos 184 municípios do Ceará apresentam casos confirmados. Fortaleza tem o maior número, 224. Em seguida vem Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com seis infecções e logo depois Sobral, na Região Norte, com 4 casos da covid-19. O Estado teve a confirmação das primeiras mortes pelo vírus nesta quinta-feira, 26. Duas mulheres, de 84 e 85 anos, e um homem, de 74, faleceram. Os três já possuíam doenças crônicas pré-existentes, o que os colocam em fator de risco e vulnerabilidade.

Veja a distribuição de casos confirmados no Ceará:
Aquiraz - 6
Fortaleza - 224
Fortim - 1
Groaíras - 1
Juazeiro do Norte - 1
Sobral - 4
Mauriti - 1



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