Mais da metade de todas as emissões
urbanas de gases de efeito estufa no planeta vêm de apenas 25 cidades,
mostraram novas pesquisas
COM INFORMAÇÕES DO REDAÇÃO VOGUE
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Os três maiores poluidores da lista são todos cidades chinesas, com Handan ocupando o primeiro lugar (Foto: Getty Images/EyeEm)
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Mais da metade de todas as emissões
urbanas de gases de efeito estufa no planeta vêm de apenas 25 cidades, conforme
mostraram novas pesquisas.
Essas 'megacidades' são vastas
metrópoles que lançam milhões de toneladas de CO2 e outros gases nocivos na atmosfera.
Os três maiores poluidores da lista
são todos cidades chinesas, com Handan ocupando o primeiro lugar.
Surpreendentemente, todas as cidades
do mundo cobrem apenas 2% de sua superfície. Porém, com mais da metade da
população global vivendo em uma cidade, elas contribuem seriamente para a
mudança climática.
Este último estudo, publicado na
revista Frontiers in Sustainable Cities, é o primeiro balanço global de
gases de efeito estufa (GEEs) emitidos pelas principais cidades do mundo. O
objetivo era examinar o impacto das políticas introduzidas após o Acordo de
Paris de 2015.
“Hoje em dia, mais de 50% da população
mundial reside nas cidades que são responsáveis por mais de 70% das emissões de GEE e
compartilham uma grande responsabilidade pela descarbonização da economia
global", escreveu o co-autor do estudo, Dr. Shaoqing Chen, da Sun Yat-sen
University, China.
"Os métodos de inventário atuais
usados pelas cidades variam globalmente, tornando difícil
avaliar e comparar o progresso da mitigação de emissões ao longo do tempo e do
espaço", explicou.
Tais descobertas mostraram que tanto
os países desenvolvidos quanto os em desenvolvimento têm cidades com altas
emissões, mas as megacidades na Ásia (como Xangai na China e Tóquio no Japão)
são emissores especialmente importantes.
O inventário de emissões per capita
mostrou que cidades na Europa, Estados Unidos e Austrália tiveram emissões
significativamente mais altas do que a maioria das cidades em países em
desenvolvimento.
A China, que foi classificada como um
país em desenvolvimento, também tinha várias cidades onde as emissões per
capita eram iguais às de países desenvolvidos inteiros. No entanto, os
pesquisadores apontam que muitos países desenvolvidos terceirizam cadeias de
produção de alto carbono para a China, o que aumenta as emissões relacionadas
às exportações para esta última.
Em seu estudo, Dr. Chen e colegas
analisaram as emissões de gases de efeito estufa de 167 cidades em 53 países. São Paulo, no Brasil ocupa a 58ª posição
emitindo 24,95% de CO₂.
Abaixo, confira as piores 75 cidades
em emissões totais com números em megatoneladas de CO₂:
1. Handan, China (199,71)
2. Xangai, China (187,93)
3. Suzhou, China (151,79)
4. Dalian, China (142,51)
5. Pequim, China (132,58)
6. Tianjin, China (125,89)
7. Moscou, Rússia (112.53)
8. Wuhan, China (110,86)
9. Qingdao, China (93,56)
10. Chongqing, China (80,58)
11. Wuxi, China (76,88)
12. Urumqi, China (75,32)
13. Guangzhou, China (71,03)
14. Huizhou, China (68,74)
15. Shijiazhuang, China (67,80)
16. Zhengzhou, China (66,16)
17. Tóquio, Japão (66,08)
18. Shengyang, China (64,10)
19. Kaohsiung, China (63,64)
20. Kunming, China (62,96)
21. Shenzhen, China (62,91)
22. Hangzhou, China (61,41)
23. Hong Kong, China (55,90)
24. Yinchuan, China (55,49)
25. Chengdu, China (54,49)
26. Nova York, EUA (51,31)
27. Manilla, Filipinas (49,47)
28. Bangkok, Tailândia (49,22)
29. Dubai, Emirados Árabes Unidos
(48,26)
30. Seul, Coréia (48,06)
31. Nanjing, China (47,94)
32. Istambul, Turquia (47,53)
33. Frankfurt, Alemanha (45,73)
34. Jacarta, Indonésia (43,86)
35. Changchun, China (42,62)
36. Guiyang, China (42,09)
37. São Petersburgo, Rússia (42,07)
38. Cingapura, Cingapura (40,38)
39. Jinan, China (38,49)
40. Perth, Austrália (36,33)
41. San Diego, EUA (35,02)
42. Jiaxing, China (33,94)
43. Londres, Reino Unido (33,58)
44. Houston, EUA (33,41)
45. Stuttgart, Alemanha (32,82)
46. Caracas, Venezuela (31,77)
47. Chicago, EUA (31,48)
48. Harbin, China (30,81)
49. Cidade do México, México (30,69)
50. Lanzhou, China (29,87)
51. Lagos, Nigéria (29,33)
52. Xi'an, China (28,15)
53. Berlim, Alemanha (27,48)
54. Taiyuan, China (26,73)
55. Los Angeles, EUA (26,55)
56. Tshwane, África do Sul (26,14)
57. Nanchang, China (25,17)
58. São Paulo, Brasil (24,95)
59. Joanesburgo, África do Sul
(24,72)
60. Changsha, China (24,64)
61. Hohhot, China (23,47)
62. Durban, África do Sul (22,68)
63. Mumbai, Índia (22,57)
64. Hanói, Vietnã (22,42)
65. Torino, Itália (21,86)
66. Cidade do Cabo, África do Sul
(21,53)
67. Yokohama, Japão (20.96)
68. Nanning, China (20,90)
69. Santiago, Chile (20.03)
70. Osaka, Japão (19,76)
71. Hamburgo, Alemanha (19,45)
72. Chennai, Índia (19,32)
73. Hefei, China (18,81)
74. Toronto, Canadá (18.08)
75. Rotterdam, Holanda (17,54)
Os pesquisadores fizeram três
recomendações políticas importantes no estudo.
Em primeiro lugar: "Os
principais setores responsáveis pela emissão devem ser identificados e
direcionados para estratégias de captação mais eficazes. Por exemplo, as
diferenças nas funções que o uso de energia estacionária, transporte, uso
doméstico de energia e tratamento de resíduos desempenham nas cidades devem ser
avaliadas. ”
Em segundo lugar, o desenvolvimento
de inventários globais de emissões de GEE metodologicamente consistentes também
é necessário, para rastrear a eficácia das políticas de redução de GEE urbanas.
Por último: "As cidades devem
estabelecer metas de mitigação mais ambiciosas e facilmente rastreáveis. Em um
determinado estágio, a intensidade de carbono é um indicador útil para mostrar
a descarbonização da economia e fornece maior flexibilidade para cidades de
rápido crescimento econômico e aumento de emissões. Mas, a longo prazo, mudar
de metas de mitigação de intensidade para metas de mitigação absolutas é
essencial para atingir a neutralidade global de carbono até 2050."
Em 2015, 170 países em todo o mundo
adotaram o Acordo de Paris, com o
objetivo de limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C. Após o
acordo, muitos países e cidades propuseram metas para a mitigação de gases de
efeito estufa.
Infelizmente, o Relatório 2020 da
Lacuna de Emissões do PNUMA mostra que, sem ações drásticas e rígidas para
mitigar a crise climática, ainda caminhamos para um aumento de temperatura de
mais de 3°C até o final do século XXI.