Os Três Guardiões: Professores denunciam sucateamento e abandono do CCH Campus Junco da UVA em Sobral

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sábado, 21 de agosto de 2021

Professores denunciam sucateamento e abandono do CCH Campus Junco da UVA em Sobral

Um funcionário falou que é obrigado a fazer as necessidades fisiológicas em um "chiqueiro", uma vez que não há água nos banheiros, não tendo nem como lavar as mãos no local, cuja reforma está paralisada há três anos

 Por Manoelzinho Canafístula com Informações do Sobral Online

Carteiras abandonadas mostram a decadência do CCH da UVA de Sobral - Foto: Reprodução
 

Professores universitários denunciam o completo abando do Campus da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), onde funciona o Centro de Ciências Humanas (CCH) no bairro Junco na cidade de Sobral. Segundo uma placa amarelada pelo tempo, a obra de reforma teve início em fevereiro de 2019, custou quase R$ 800 mil reais e deveria ter sido concluída em 180 dias, após quase três anos do início dos trabalhos, o prédio está completamente abandonado, decadente e com um imenso acervo que conta a história da região, do Ceará e do Brasil dos séculos 18 ao 21.

Segundo o professor de Ciências Sociais Joannes Paulus Silva Forte, há uma reivindicação junto a administração superior da universidade e que o Governo do Estado do Ceará, tomem as providências e impedir que o abandono e o descaso com a estrutura do campus do CCH em Sobral. Ainda segundo o professor, o campus do Junco, atualmente é um dos espaços da UVA em situação mais precária, “aqui nós não temos só sujeira e folhas, aqui nós temos uma obra civil abandonada, uma obra também de eletrificação abandonada, uma biblioteca que também está lá com suas estruturas comprometidas, temos aqui um núcleo que é ligado ao curso de história, com documentação do século 18, é uma documentação rara e que precisa de todo um cuidado”, ressaltou.

Professor de Ciências Sociais Joannes Paulus Silva Forte - Foto: Reprodução

O professor enfatizou ainda, que o curso de história é outro cenário de tristeza e que o local é patrimônio público material e intelectual do Estado do Ceará e da sociedade cearense, falou ainda que a UVA já tem mais de 50 anos, e foi fundada em 1968 como uma Universidade Municipal. Em 1984 ela foi transformada em uma autarquia estadual e passou a ser uma universidade estadual. O professor falou ainda, que além do abandono e do descaso há um grande prejuízo com os recursos públicos jogados fora, “são recursos públicos que estão sendo desperdiçados, perdidos na verdade, começou a se fazer uma reforma no ano de 2019, por exemplo, veja que a obra ficou com os fios do lado de fora, o que foi que fizeram pintaram e tentaram colocar umas calhas para passar os fios elétricos e fizeram outros reparos aqui e acolá e abandonaram a obra”, destacou.

Contingenciamento de recursos - Segundo o professor a obra foi contingenciada pelo governo, “o governo contingenciou recursos que eram voltados para esse campus, os colegas estão aqui, as professoras e professores sabem que nós temos aqui, recursos inicialmente prometidos para se fazer um novo CCH. É isso que chamavam novo CCH? Nós tínhamos a promessa de um novo bloco didático com salas, nós não temos salas especiais para os nossos alunos, está muito pior do que antes”, ressaltou.

Documentos ensacados - Os professores ressaltam que estão unidos, pois querem o CCH de volta e totalmente recuperado. Já o professor Doutor em História Tito Barros Leal diz que existem equipamentos que são de fundamental importância para os alunos durante o semestre, pois além de ter o prédio físico, há materiais de grande importância, que inclusive são do século passado, material histórico que preservam a identidade do próprio centro, “aqui é o espaço onde as pessoas, os professores e estudantes se identificam como cientistas das ciências humanas, ainda existem aqui, alguns equipamentos como por exemplo, o Núcleo de Estudos e Documentação de História (NEDHIS), esse espaço que guarda uma documentação de suma importância para as pesquisas históricas aqui da região Norte e Noroeste do estado do Ceará, é um arquivo importantíssimo com documentos do século 18, 19, 20 e 21. Documentos de vários tipos, cartoriais, documentos periódicos da imprensa e uma sorte grande de documentação que tá aqui lacrada, fechada em um arquivo deslizante para tentar se preservar de alguma forma”, disse.

Professor Doutor em História Tito Barros Leal - Foto: Reprodução

Preservação de Documentos - O professor Tito chamou a atenção para outro problema sério, que a documentação do CCH carece de cuidados técnicos específicos e de manutenção constante, falou ainda, que os documentos estão ensacados desde Janeiro desse ano e isso impossibilita inclusive, que pesquisadores do Brasil, Portugal, Estados Unidos e de outras partes do mundo tenham acesso ao acervo. Falou ainda de um espaço que está com as estruturas comprometidas, entre elas a que abriga o acervo, “o espaço mina água quando chove, entra água pelo chão e a estrutura do teto está cedendo, disse que o prédio precisa de uma reforma de fato qualificada, efetiva e técnica”, destacou.

Proteção contra incêndio - Destacou ainda que a edificação não possui proteção contra incêndio, “o que mais tem acontecido nesse país são incêndios em espaços de documentação, aqui não temos proteção contra incêndios, temos aqui uma fiação exposta, não sei se está ligada. Não temos controle de pragas, portanto o nosso controle de pragas são esses gatos que estão soltos aqui, e que tomaram conta do Centro e graças a Deus, protegem (os documentos) contra os ratos, que podem danificar as nossas documentações, então tá muito difícil a situação”, desabafou.

Muro - Outro local afetado é o muro que faz muito tempo que desabou e está somente com tapumes tampando alguns buracos, o que facilita a entrada de vândalos e ladrões. Ainda segundo o professor o prédio já funcionou como a Casa da Geografia, “é um prédio antigo esse imóvel, na verdade pertencia inicialmente ao DNOCS e funcionou como a Casa da Geografia e nos anos de 1990 foi criado o Centro de Ciências Humanas e daí foram trazidos para cá, o curso de história, Ciências Sociais e entre 1997/98 funcionaram esses três cursos de graduação e também os cursos de mestrado acadêmico em geografia e o mestrado profissional de sociologia em rede nacional”, destacou.

Muro desabou e tapumes foram colocados no local - Foto: Reprodução

Biblioteca - Outro setor importante é a biblioteca, alguns livros foram removidos para a biblioteca central da UVA e alguns ficaram no CCH, porém até a porta fica aberta como mais um sinal de abandono. Há dois funcionários terceirizados que não possuem um ventilador e nem sequer água para beber e para nenhuma outra utilidade. O prédio também não dispõe de boa parte da rede de energia elétrica, “boa parte do campus está no escuro de noite que fica escuro e fica claro é um alvo fácil para depredação do sistema de segurança já que não tem energia, mas a sociedade tem que saber que realmente o campus está entregue às traças”, desabafou.

Vandalismo - Ainda durante a visita dos professores com a equipe do Sobral Online, o grupo de docentes formado por diretores da SINDIUVA,  integrantes da base do sindicato e professoras(es) do Centro, falaram com um funcionário e com um segurança, ambos trabalhadores terceirizados. Eles relataram situações gravíssimas ligadas ao abandono do campus e da obra. Falaram sobre a ocorrência de troca de tiros entre possíveis ladrões e PMs no CCH.

Roubos e Furtos - Um funcionário falou que é obrigado a fazer as necessidades fisiológicas em um "chiqueiro", uma vez que não há água nos banheiros, não tendo nem como lavar as mãos no local. O colaborador disse que já foi abordado por 3 pessoas armadas que invadiram o CCH; que os homens sempre invadem o CCH; que já furtaram muitas coisas de lá; que, além dessas pessoas que já levaram vários objetos do CCH, os próprios funcionários da empresa contratada para a reforma furtaram muita coisa, como linhas de madeira, fios elétricos e eletro dutos.

Relatou, ainda, que ele e o segurança vivem com medo de que aconteça coisa pior com eles. O funcionário foi contratado para ser auxiliar operacional por uma empresa terceirizada. “Ele não é, nem nunca foi prefeito do Campus. Não há prefeito! Inclusive, os dois trabalhadores que a gestão da universidade enterrou lá estão tão abandonados quanto o CCH”. Disseram os professores.

Fiação Solta em vários setores do prédio - Foto: Reprodução

A Universidade Estadual Vale do Acaraú ainda não se manifestou sobre o caso. A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ainda não respondeu aos questionamentos feitos via Ouvidoria Geral do Governo do Estado. 

Em nota o SindiUVA falou do abando e do descaso no CCH, confira o documento na Íntegra.

O Sindicatos dos Docentes da Universidade Estadual Vale do Acaraú – SindiUVA, Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional, vem a público denunciar e cobrar providências das autoridades públicas responsáveis pelo sucateamento da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e pela situação de abandono do Centro de Ciências Humanas (CCH) – campus do Junco, na cidade de SobralCE, que tanto entristecem, revoltam e indignam a Sociedade Cearense.

O CCH-UVA está sediado no campus do Junco, que se localiza na cidade de Sobral-CE. Há anos, o campus precisa de uma grande reforma, reivindicação histórica do movimento docente, SindiUVA, movimento discente, Diretório Central dos Estudantes (DCE) e comunidade acadêmica em geral, que foi pauta importante de greves e mobilizações ocorridas na última década. Depois de muitas lutas pelo que deveria ser o “Novo CCH”, finalmente, a reforma conquistada foi anunciada pelo governo Camilo Santana. Porém, desde fevereiro de 2019, após quase 3 anos do início da reforma que deveria ter durado 180 dias, conforme placa da obra no local, o campus está totalmente abandonado.

No CCH, não há água para a higiene, nem para beber. Durante o dia, há dois trabalhadores que ficam no campus: um segurança e um outro terceirizado que estão lá em condições absolutamente precárias de trabalho. Não há sequer um ventilador para os guardas que se revezam (um por dia) no local. Parte do muro lateral desabou. Só há energia em uma parte do conjunto dos prédios, deixando o campus quase que totalmente no escuro à noite. Os equipamentos de trabalho, a biblioteca e seu acervo e os documentos raros, muitos deles do século XVIII, estão sendo corroídos pelas intempéries, pelo abandono e pelo descaso.

Conclamamos a toda a Sociedade Cearense para que apoie a luta pela UVA, especialmente pelo CCH, que está em ruínas e abandonado pelas autoridades públicas responsáveis pela obra inacabada e pelos danos causados ao Patrimônio Material e Intelectual do Estado do Ceará.

Em defesa da Educação e da Universidade Pública, da UVA e do CCH: reitor Fabianno e governador Camilo Santana, queremos o CCH-campus do Junco de volta e totalmente recuperado!

Exigimos PROVIDÊNCIAS, JÁ!

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