Além de estarem fora de casa, as famílias não receberam aluguel social e
estão impedidas de voltar para casa, as ruas estão destruídas e as casas
danificadas, prefeitura diz que solução está prevista até o final do ano
Por Manoelzinho Canafístula - Jornalista
Vizinhos das vitimas mostrar as marcas da água nas paredes das casa afetas pela enxurrada - Foto: Manoelzinho Canafístula
A casa é o sonho da maioria das pessoas e o ambiente mais seguro dos
seres humanos, para quatro famílias que moram no Conjunto Habitacional José Paulo
dos Santos na comunidade de Panam, distrito de Almofala, zona rural de Itarema,
no litoral oeste do Ceará, esse sonho é um pesadelo há seis meses, desde a
madrugada do dia 23 de março desse ano, elas foram obrigadas a sair de suas casas,
expulsas pela força das águas da maior
chuva registrada do estado em 2019, foram 121 milímetros que trouxeram alegria
e muita destruição no município.
Dona de Casa Rosa de Moura está fora de casa a seis meses paga R$ 150 reais de aluguel e tem três filhos - Foto: Manoelzinho Canafístula
A dona de casa, Maria Rosa de Moura, 30 anos, é casada e tem três filhos
de 13, 11 e 7 anos, ela conta que foi surpreendida pelas águas das chuvas e
agiu rapidamente para retirar seus filhos com a
ajuda de seu marido, no mesmo dia foi ao CRAS (Centro de Referência da Assistência
Social) de Almofala e pediu ajuda, segundo a dona de casa, a água invadiu sua
residência, provocou danos na estrutura, estragou móveis e as duas ruas do conjunto
habitacional foram cortadas ao meio, “no CRAS fui atendida por uma moça de nome
Jaqueline, ela me prometeu, que iria me fazer uma visita onde estou morando e
estou esperando por essa visita até hoje. No dia ela me disse que iria esperar
a chuva passar para fazer alguma coisa, parece que ela ainda continua no
inverno, pois lá em casa ela não pisou, se foi, errou de endereço”, disse a dona de
casa, que já procurou dois secretários municipais e o prefeito e não teve resposta positiva
de ninguém.
Rua completamente destruída há seis meses e frente da residência de Francisca Andrina do Nascimento, outra dona de casa desalojada. Foto: Manoelzinho Canafístula
Ainda segundo a dona de casa, a prefeitura ofereceu cestas básicas,
diante da promessa de reforma das ruas e das quatro casas. A dona de casa cansou
de esperar e há um mês foi na prefeitura em busca de falar com a secretária
municipal de Assistência Social e Cidadania, Nazedi Gomes Oliveira, segundo
declaração de Rosa Moura, a titular da pasta apenas disse, que o problema era de
outra secretaria e orientou a dona de casa a procurar a secretaria municipal de
Agricultura e Recursos Hídricos, ao falar com o secretário Cristiano Santos ele
limitou-se a dizer que poderia resolver nada, pois também não era de sua
secretaria, “eles acham que somos peteca para estar de mão em mão, eu quero a
minha casa de volta, restaurada e as ruas ajeitadas, estou disposta a ir no Promotor
lutar pelos meus direitos”, enfatizou a dona de casa.
Francisca Andrina do Nascimento mostra a marca que água atingiu uma das casas atingida pelas cheias - Foto: Manoelzinho Canafístula
A dona de casa Francisca Andrina do Nascimento, 27 anos, é casada e mãe
de um filho adolescente de 12 anos, ela não estava em casa na hora da enxurrada
e foi avisada pelos vizinhos na mesma manhã que sua residência estava sendo
invadida pelas águas, segundo a dona de casa, a água estava acumulada e foi
preciso quebrar o calçamento para proporcionar a passagem da correnteza, “a
minha casa foi uma das mais prejudicadas, pois além de não estar em casa, perdi
móveis e estamos impedidos de voltar pra casa, estou me sentido excluída da
sociedade”, desabafou a dona de casa. Desde o fatídico dia ela, o marido e o
filho moram de favor na casa de parentes, a prefeitura não concedeu o aluguel
social e ela disse que precisa voltar para casa, “tenho minha casa e estou
morando de favor na casa de outras pessoas, isso é humilhante e até desumano,
afinal pagamos impostos para que, mesmo? E porque a prefeitura não fez e nem faz
nada para resolver nosso problema?”, finalizou a dona de casa, que espera uma
resposta do poder público, antes de procurar o MPCE.
Ana Angélica de Jesus Araújo, paga aluguel no mesmo valor de seu bolsa família R$ 150 reais, a família vive com apenas R$ 120 reais que o marido ganha quando faz algum trabalho - Foto: Manoelzinho Canafístula
A outra família desalojada é a de Ana Angélica de Jesus Araújo, 26 anos,
é casada e tem um filho de um ano, o marido faz trabalhos avulsos de serviços
gerais e recebe em média R$ 120 reais por mês, o governo concedeu o benefício
do bolsa família no valor de R$ 150 reais, a renda familiar é de apenas R$ 270
reais, desde que foram expulsos de casa, eles moram de aluguel na mesma rua e
pagam R$ 150 reais de aluguel, “meu bolsa família é para pagar o aluguel e as
outras despesas, quem vai pagar se meu marido só recebe R$ 120 reais e é quando
aparece um serviço pra fazer”, reclama a dona de casa, segundo ela nunca
recebeu a visita de um assistente social ou de qualquer funcionário da
prefeitura, “em nem sabia que tinha direito a esse aluguel social, pois a
prefeitura deveria estar pagando meu aluguel, e agora vou atrás dos meus
direitos”, finalizou a dona de casa.
A dona de casa Maria Francineide Ferreira Carneiro foi a única que conseguiu a doação de um vizinho de uma casa para morar - Foto: Manoelzinho Canafístula
Maria Francineide Ferreira Carneiro, 42 anos teve um desfecho diferente
da história das vizinhas, conseguiu a doação de um vizinho que cedeu a residência
próxima a sua, mas ainda está fora de casa, ela é casada e mãe de um jovem de
19 anos, “não sei ainda quanto tempo vamos esperar, eu espero que o prefeito
mande ajeitar logo essa rua e as nossas casas, aqui é perigo as crianças não
podem nem brincar na rua, pois pode cair nesses buracos”, diz a dona de casa,
casada da espera por uma solução que não vem.
Rua interditada e destruída, prefeito disse que fará a reforma até o final do ano - Foto: Manoelzinho Canafístula
O prefeito Elizeu Monteiro (PDT), limitou-se a dizer que todos os danos
causados pela chuva de março estão sendo recuperado de acordo com um planejamento
da gestão, ressaltou que foram muitos problemas, e garantiu que até o final do
ano tudo será resolvido, ao ser questionado sobre o aluguel social e as razões
de não ter priorizado a recuperação das casas e as vias públicas ele não
respondeu até o fechamento dessa edição.
Já a secretária da Assistência Social e Cidadania, Nazedi Oliveira também
limitou-se a dizer que iria ouvir a equipe do CRAS de Almofala e solicitou um relatório
de atendimento, falou ainda que as famílias estão sendo assistidas pelo CRAS, mas
não especificou que tipo de atendimento está sendo dispensado as vítimas,
quanto ao aluguel social, disse que a secretaria daria entrada, após um relatório.
Nossa reportagem não conseguiu em nenhuma matéria manter contato ou ter
resposta da secretaria de obras e serviços públicos.
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