Os Três Guardiões: Empresário doa terreno para instalação de fábricas no município de Itarema no litoral oeste do Ceará

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domingo, 22 de setembro de 2019

Empresário doa terreno para instalação de fábricas no município de Itarema no litoral oeste do Ceará


Ambientalista e preocupado com a crise de desemprego que afeta o município, o empresário Alexandre Coelho mantém na zona rural, uma indústria que recicla plásticos, recentemente ele ofereceu ao governo do Estado, terreno de sua propriedade para a instalação de indústrias no município

Com informações do Jornal Diário do Nordeste
Por: Manoelzinho Canafístula - Jornalista

Entrada da Cidade de Itarema no Litoral Oeste do Ceará
Foto: Manoelzinho Canafístula
O empresário Alexandre Miranda Coelho, 45 anos, mantem há oito anos na zona rural de Itarema uma indústria que recicla material plástico e transforma em sacolas, sacos e grãos (matéria básica para a fabricação dos produtos), a fábrica está situada na fazenda Sucurujuba às margens da CE 434, na zona rural e distante 20 quilômetros da cidade.

A recente notícia de que o grupo espanhol Jealsa irá construir no Ceará duas novas fábricas de conserva de pescados e que o Governo de Camilo Santana, assinou protocolos de intenções no último dia 18 em Santiago de Compostela, na Espanha, foi o despertar para a realização de um velho sonho, o empresário Coelho não perdeu a oportunidade e entrou em contato com o governo e ofereceu um de seus terrenos para a instalação de uma das duas fábricas, ou qualquer outra no futuro, “após muita luta e dedicação, hoje tenho terreno para doar ao governo ou diretamente a empresa, para que ela se instale em nosso município, Itarema é uma terra de prosperidade e que precisa da sensibilidade das pessoas que podem fazer alguma coisa, para gerar emprego e renda para o nosso povo, especialmente para os mais humildes e sofridos, quem passa fome, quer comida na mesa e essa alimentação, deve ser fruto do trabalho digno e isso novo povo tem, dignidade e força para trabalhar”, ressaltou o empresário, que pretende nos próximos cinco anos triplicar sua produção e alçar voos em novos investimentos.

Empresário Alexandre Coelho doará terrenos para a instalação de indústrias em Itarema - Foto: Arquivo Pessoal

Atum em Itarema – Alexandre Coelho destaca ainda que o estado do Ceará produziu ano passado 18 mil toneladas de atum, aumento é 50% maior que o registrado durante o ano de 2017, o que representa mais da metade das 27 mil toneladas geradas anualmente no Brasil. Segundo o empresário, os financiamentos de barcos pelas instituições financeiras estatais como o Banco do Brasil e Banco do Nordeste são essenciais para fomentar o setor no estado, “sem incentivo e financiamento dificilmente o pequeno pescador consegue competir com os grandes produtores, sempre acreditei no pescador artesanal que pode ir longe, se o governo lhe garantir financiamento, capacitação e tecnologia”, ressalta Coelho. Ainda segundo o empresário o município de Itarema é por sua localização geográfica e outros fatores, o maior produtor de Atum do nordeste e possui muitos pescadores com vontade de trabalhar, o projeto da construção de um porto no município é outro avanço importante para tornar Itarema em uma referencia nacional do pescado no pais, “quando o nosso porto estiver pronto, teremos as condições inclusive de exportação do nosso produto, a produção pode triplicar em pouco tempo e elevar Itarema ao posto de maior produtor de atum do planeta, isso não é sonho, é projeto de desenvolvimento local, econômico e sustentável para o nosso povo”, finaliza o empresário, que apesar de atuar em outro setor, vê na pesca a solução para os problemas de desemprego e geração de trabalho e renda na região do litoral oeste e especialmente em Itarema.   

Porto dos Barcos é o ponto de ancoragem de diversas embarcações no município de Itarema - Foto: Manoelzinho Canafístula

Aumento da produção e novos empregos - A companhia espanhola é dona da empresa Robinson Crusoé Foods, instalada em 2014 no município de São Gonçalo do Amarante, a empresa foi um dos principais fatores, que fizeram a produção pesca de atum no estado saltar em menos de cinco anos do zero e chegasse a 12,4 mil toneladas (t) em 2017. Um dos maiores consumidores da produção cearense, e a fábrica de pescados em conserva da empresa que teve crescimento de 30% de sua produção em 2017 e repetiu o feito em 2018, aumentando significativamente o número de postos de trabalho. Em 2019 a meta da empresa, após a ampliação das fábricas será de até 90% de sua capacidade. Quando foi instalada em 2014 a empresa investiu R$ 25 milhões, já no novo acordo, serão investidos mais de R$ 100 milhões nos próximos anos para ampliar a produção de conservas de sardinha e atum no Estado. Ao todo, a geração de empregos deve atingir 750 – entre diretos e indiretos no setor da pesca.

A ampliação dos negócios no estado, fazem parte do plano de expansão da empresa, pois de acordo com entrevista ao jornal Diário do Nordeste ano passado, o diretor operacional da companhia, Santiago Fominaya, já observava que embora o percentual de crescimento da produção pareça muito grande, as cifras ainda são consideradas pequenas, uma vez que o volume de produção dos anos anteriores não foram grandes. "Nossa produção ocupa somente 15% a 20% da nossa capacidade. Poderíamos beneficiar industrialmente 100% da produção nacional do atum", disse à época o executivo.



Crescimento produtivo - Até maio do ano passado, companhia gerava cerca de 300 postos de trabalho formais e havia previsão de 90 vagas a mais até o fim do ano. "Nossa indústria tem capacidade de fazer turnos de trabalho. Por enquanto, fazemos um turno só. Se vamos a dois turnos, vai a 600 (empregos). E a três, a 900. Então tem muito espaço para crescer. Tudo dependerá do mercado, do consumo, da pesca, da regularidade das embarcações. São muito fatores", apontou o diretor.

O crescimento observado no ano de 2018 também se deveu ao aumento de embarcações licenciadas para a pesca do atum na região, indispensável para a garantia da segurança alimentar pela indústria. Segundo o executivo, o consumo da companhia deve crescer em igual velocidade à de regularização das embarcações - o Ceará fornece cerca de 80% do atum comprado pela empresa, o restante e comprado no Piauí e do Rio Grande do Norte.

Embarcações - A falta de regularização das embarcações que realizam a pesca de atum, principalmente no Nordeste, é o principal gargalo que o segmento sempre enfrentou. O diretor técnico do Coletivo Nacional de Pesca e Aquicultura (Conepe), Carlos Eduardo (Cadu) Villaça, estima mais de 300 embarcações exerçam a atividade no Ceará, mas que somente 10% a 15% são devidamente fiscalizadas e regulamentadas.


A falta de incentivos ao financiamento de barcos pode estar por fim - Barcos em construção no município de Itarema - Foto: Reprodução Nordeste Rural

Seminário da pesca - Esse, inclusive, foi um dos principais motivos para a realização no ano passado de um seminário "A Pesca do Atum no Ceará: Aspectos Legais, Institucionais e Ordenamento", realizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pelo Sindicato das Indústrias de Frio e Pesca do Ceará (Sindifrio) na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).

Restrição da União Europeia - A cadeia produtiva do setor teve que correr contra o tempo – em maio do ano passado, a União Europeia comunicou ao governo do Brasil que vai impedir a entrada de pescado brasileiro pela não conformidade do controle das embarcações que se dedicam à pesca no Brasil com as regras adotadas na Europa. O órgão responsável por essa regularização é a Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, vinculada à secretaria-geral da Presidência da República. O órgão fez um mapeamento das embarcações que querem se regularizar, os proprietários registram os pedidos na secretaria do órgão no Estado, e são encaminhados a Brasília. O cadastro dos Pescadores brasileiros está em andamento.

Capacitação em Itarema - Com o intuito de potencializar setores produtivos que não fossem afetados pela seca, o Estado viu na produção uma oportunidade pouco explorada. A secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura do Estado (Seapa), investi na capacitação de pescadores e em melhorias no Porto de Itarema, expoente da produção do pescado no Estado. Foram promovidos cursos de manuseio do atum, já que ele precisa ser eviscerado no mar, curso de navegação e melhorias nas embarcações através do projeto "Ceará Mares do Atum" cujo objetivo maior é incentivar o consumo do pescado pelo povo cearense. O produto sempre teve o potencial para ser exportado, principalmente com as novas rotas internacionais que chegam ao Aeroporto Internacional Pinto Martins e pelo Porto do Pecém, região onde está instalada a Robson Crusoé.


O Ceará é o maior produtor de Atum do Nordeste - Foto: Reprodução Nordeste Rural

Produção no CE representa até 62% do nacional

O mercado produtor de atum no Ceará atingiu o status de maior fornecedor entre os estados brasileiros em menos de cinco anos de atuação. De acordo com o empresário e ex-secretário da Agricultura e Pesca do Ceará, Euvaldo Bringel das 27 mil toneladas geradas anualmente no país, entre 13 e 17 mil partem do território cearense, correspondendo a uma média de 62% do volume do pescado no País.

O ex-secretário destaca a atividade como a mais recente descoberta do desenvolvimento local. Em apenas um mês, é pescado uma média de 1,1 milhão de quilos através de 130 barcos que atualmente estão em atividade no litoral do Estado.

Produção dobrada - O volume de pescado está em constante crescimento desde quando o mercado surgiu no Ceará. Em 2017, foram produzidas 12 mil toneladas de atum, número que cresceu 50% no ano passado, atingindo 18 mil toneladas, a informação é do diretor de Agronegócio da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Silvio Carlos Ribeiro. "Para 2019, nós devemos chegar às 24 mil toneladas fácil - um avanço de 33%", destaca.



Demandas - Sobre as formas que o produto chega até o consumidor, Euvaldo Bringel esclarece que a produção local de atum possui três principais destinos.
"Cerca de 30% fica aqui no Estado para consumo em restaurantes, uma boa parte também está indo para o mercado de sushi no Brasil inteiro e o restante fica para as indústrias de congelados e enlatados", detalha. No Ceará, existem cinco indústrias de congelamento e uma de conservação.

Financiamento e construção de um porto – Ainda segundo o diretor da Adece, a atividade tem obtido tantos bons resultados que instituições financeiras têm demonstrado interesse em financiar a construção de embarcações de pesca de atum. Segundo ele, o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste estão financiando os barcos e também tecnologias que já são utilizadas em outros países que ajudam, por exemplo, a monitorar os cardumes", além disso, o diretor Silvio Carlos afirmou que está prevista a construção de um porto específico para a pesca do atum em Itarema.


Há previsão para a construção de um porto específico para a pesca do atum em Itarema - Foto: Manoelzinho Canafístula

Geração de Renda – R$ 600 milhões é o valor movimentado por ano em todo o Brasil. O mercado de atum já injeta na economia cifra na casa dos milhões, Euvaldo Bringel diz que o número de pescadores na ativa até cresceu com a ascensão do atum. "Os filhos dos pescadores não queriam mais seguir a profissão dos pais. Mas vendo a lucratividade do negócio, os mais jovens voltaram a ver a pesca como um meio de vida", finalizou.

O pescado da vez - Segundo Silvio Carlos cerca de 800 pescadores em todo o estado estão envolvidos na atividade aquícola. "E ainda tem muita gente interessada em entrar no ramo. Há pessoas migrando da pesca da lagosta para o atum, porque tem menos complicações, não tem período de defeso, escassez, pelo contrário, tem muita oferta e entre os peixes é uma das carnes mais valorizadas", destaca.

Exportação - Com um mercado interno ainda muito forte, as exportações de atum produzido no Ceará ainda não começaram. "É como o camarão. A exportação é quase nula porque temos um mercado interno que absorve toda a produção e pagando bem, de forma que não precisamos exportar", explica o diretor de agronegócio da Adece.

Ribeiro acredita que o estado tem potencial para isso e já cita até mesmo possíveis destinos. "Acredito que temos mercado principalmente nos Estados Unidos e na Europa, apesar de o continente europeu ter uma tradição nesse pescado. Podemos encontrar características no peixe daqui que atraiam o mercado externo", ressalta o diretor.

Conservação - Uma das dificuldades ainda existentes no mercado de atum no Ceará é a questão da conservação do produto. As cabines de frios precisam ser ampliadas para comportar todo o volume que está sendo pescado.


 Porto de Torrões pode ser o ponto escolhido para receber o futuro porto de Itarema Foto: Manoelzinho Canafístula 

A regularização da frota de embarcações utilizadas também é um ponto que precisa ser trabalhado, segundo o Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o mercado possui cerca de 130 barcos cadastrados.

A capacitação dos profissionais é uma área que requer investimento para que seja alcançado um percentual satisfatório de pescado tido como de alta qualidade.

Incentivo do Governo Federal - O Governo Federal precisa ainda investir no segmento. Para a produção de novas embarcações falta uma política federal de financiamento de barcos. O estado pode trabalhar com grandes embarcações de metal, como é feito no mundo. A maioria das embarcações do Ceará são feitas de madeira, porém é de baixo rendimento, gasta muito diesel e é mais lento.

Um comentário:

  1. Nosso município estar precisando de alguém quer trabalhe pelo povo na geração de empregos não em formar currais eleitorais e isso que o povo tá precisando nosso município e rico na produção de pescados castanha e coco mais não tem interesse da parte dos gestores porque eles acham que se estalando uma impressa no município vamos perder o voto dessas pessoas.entao tá claro que quando não há lucro pra eles não há interesse.porque não é o bem estar do povo que realmente importa mais sim o deles eu apoio esse incentivo alixandre coelho foi o primeiro a fazer isso.

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