Diário do Nordeste
Tartaruga
de Pente, ameaçada de extinção, capturada em curral de pesca no Ceará. Foto:
Projeto Tamar
Presas
nas redes ou currais de pesca instalados pelo litoral brasileiro, muitas
tartarugas marinhas são amparadas e reabilitadas por projetos de preservação
ambiental. Nesta sexta-feira (13), uma ação comemorativa organizada pelo
Projeto Tamar realizou a soltura simbólica de uma tartaruga na Praia de
Almofada, município de Itarema, onde fica a sede do projeto no Ceará.
A ação
visa celebrar a marca de 40 milhões de tartarugas devolvidas ao seu habitat ao
longo das últimas quatro décadas. O projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar promove a
recuperação e liberação de tartarugas nos locais de desova e áreas de
alimentação das espécies,
A
Tartaruga-de-Pente, espécie do animal solto nesta sexta-feira, está ameaçada de
extinção e foi capturada em um curral de pesca. Segundo o coordenador regional
do Projeto, Eduardo Lima, o Ceará é uma importante área de alimentação para as
cinco espécies ocorrentes no Brasil (Cabeçuda ou Mestiça; Verde ou Aruanã; de
Pente ou Legítima; de Couro ou Gigante; e Tartaruga Oliva).
Recindo
de Alimentação
Apesar
de não ser considerada um lugar de desova, a região cearense é fundamental para
a manutenção das tartarugas.
“Muitos
desses filhotes acabam vindo ao Ceará e depois voltam ao ponto de desova. A
tartaruga Cabeçuda, por exemplo, desova na Bahia e procura a nossa costa para
se alimentar. Esses animais passam três, quatro anos e voltam à Bahia”, explica
Lima.
Em
Almofala, município de Itarema, e Volta do Rio, em Acaraú, “os animais
provenientes de várias áreas do Atlântico como África, Venezuela, Suriname,
Guiana Francesa, México, Aves Island, Nicarágua, entre outros, utilizam a
região como área de crescimento e descanso”, explica Lima.
Tamar
O
Tamar possui outras 26 bases espalhadas pelo Brasil. No Ceará, a unidade foi
instalada em 1993, com o desafio de proteger tartarugas marinhas capturadas
acidentalmente nas pescarias locais. Por ano, a base consegue retirar dos
currais de pesca cerca de 400 a 500 animais.
Recuperação
Para
uma das fundadora do Tamar, Guy Marcovaldi, os resultados só foram possíveis
pelo engajamento das comunidades costeiras. “Esses animais deixaram de ser
utilizados para consumo e passaram a ser queridos e admirados, graças à
conscientização das pessoas sobre a importância de preservá-los”, destaca
Marcovaldi.
Ainda
assim, a manutenção das tartarugas na natureza é encarada como desafio, visto
que a cada mil filhotes, somente um chega até a fase adulta. “Esses 40 mil indivíduos
estão sendo atacadas por todos os cantos. A mortalidade é alta e é preciso
levar em consideração isso”, ressalta o representante cearense, Eduardo Lima.
As
áreas de desova encontradas no Brasil ficam no Rio Grande do Norte, Sergipe,
Bahia, Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro. Já as áreas de alimentação e
descanso estão no Ceará, São Paulo e Florianópolis.
Tartaruga de Pente antes de ser devolvida de volta ao mar
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