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Foto:divulgação |
A
única concordância é que será preciso criar um novo fundo em substituição ao
atual e torná-lo permanente. Fora isso, só há divergências. A principal delas é
quanto cada um dos entes federativos vai contribuir para o fundo, que, neste
ano, envolve receita de R$ 173,7 bilhões. O Ministério da Educação propõe
aumentar de 10% para 15% o aporte do governo federal no novo Fundeb. A bancada
da educação no Congresso, formada por aliados e oposicionistas ao Planalto,
quer elevar a participação do governo para 40%.
O
porcentual maior, porém, defendido pela relatora da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) na Câmara, Professora Dorinha Seabra (DEM-TO), não encontra
consenso nem entre os deputados. O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse
no ano passado que o governo não teria recursos para bancar um aumento desse
tamanho.
Atualmente,
Câmara e Senado discutem propostas diferentes sobre o Fundeb, mas prometem
fechar um texto de consenso para votar mais rapidamente nas duas Casas.
Diante
do impasse, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou o envio de uma
PEC do governo aumentando a fatia da União de 10% para 15%. "A proposta
que está no Congresso aumenta quatro vezes o volume. E aí, quem vai pagar por
tudo isso? Eu vou dizer: eu, você, com mais impostos, crise fiscal, recessão e
inflação", afirmou o ministro nas redes sociais. Ele classificou os
congressistas que pedem mais recursos como "demagogos".
O
Ministério da Economia calcula em R$ 855 bilhões o efeito do aumento da complementação
da União para 40% em dez anos. A consultoria da Câmara fez um cálculo
diferente, apontando impacto de R$ 279 bilhões no período.
O
comentário de Weintraub só aumentou a crise. O presidente da comissão especial
na Câmara que discute a criação do novo Fundeb deputado Bacelar (Pode-BA),
afirmou que a proposta do governo será ignorada e o "texto já em
tramitação (de autoria do Congresso), votado em março". "Não é o fato
de o governo mandar que o Congresso vai engolir. Nós temos autonomia e o debate
é longo", referendou a relatora.
O
risco é o ano acabar sem uma proposta de consenso. A saída, neste caso, seria
apenas prorrogar o Fundeb atual, sem mudar o formato. "Se for esse
caminho, é um fracasso do governo e uma tragédia de cenário para o País",
afirmou o presidente da Comissão de Educação da Câmara, Pedro Cunha Lima
(PSDB-PB).
Disputa
Sem
base aliada no Congresso, ministros do governo Bolsonaro enfrentam dificuldades
para aprovar os assuntos de seu interesse. Soma-se a isso o fato de Weintraub
não ter muitos amigos nas duas Casas Legislativas. Nas vezes em que participou
de audiências públicas, o clima foi de hostilidade. "Não podemos aumentar
o repasse da União a ponto de o governo não suportar. O problema é que o
governo não confia em si mesmo e não confia nos outros também", declarou o
presidente da Comissão de Educação do Senado, Dário Berger (MDB-SC).
Em
dezembro, Weintraub estava em férias quando voltou a entrar em atrito com o
Legislativo. Ele demitiu o presidente do Fundo Nacional do Desenvolvimento da
Educação (FNDE), Rodrigo Dias, nome ligado a Rodrigo Maia.
O
Fundeb responde hoje por 63% das verbas destinadas aos ensinos fundamental e
médio. A maioria do dinheiro vai para pagar o salário de professores. Em
algumas prefeituras, 100% da verba é destinada para essa finalidade.
O
líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), disse buscar um
meio-termo entre os 15% propostos por Weintraub e os 40% defendidos por
parlamentares. "A discussão tem um rito próprio e vamos acabar entrando em
um acordo", afirmou.
63%
Das
verbas destinadas aos ensinos fundamental e médio vêm do Fundeb, hoje
Desequilíbrio
O
debate sobre o futuro do Fundeb expõe um desequilíbrio na distribuição dos
recursos entre os municípios. Pelas regras atuais, algumas prefeituras com alta
arrecadação tributária recebem um repasse extra da União para pagar professores
e comprar material escolar, enquanto cidades mais pobres não conseguem o mesmo.
É o
caso de Pedra Azul (MG), no Vale do Jequitinhonha, região mais pobre de Minas
Gerais. Com quase 25 mil habitantes, o município terá R$ 10,6 milhões do Fundeb
em 2020 e não poderá contar com nenhuma complementação da União no fundo. A 665
quilômetros dali, Camaçari (BA), considerado o maior polo da indústria química
e petroquímica do Hemisfério Sul, receberá uma complementação de R$ 29,2
milhões da União, além de R$ 100 milhões do Fundeb.
A
secretária de Educação de Camaçari, Neurilene Martins, admitiu a discrepância
na distribuição do Fundeb, mas disse que todos os municípios dependem dos
recursos do fundo e não podem abrir mão dos repasses. No município, 100% do
valor é usado para pagar professores e outros profissionais da rede de ensino.
"O regramento do Fundeb não dá conta, há territórios no Brasil que ficam
descobertos. Se não fôssemos a cidade com esse fôlego, nem pagaríamos a
folha", disse ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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