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Enfermeira
usa máscara para se proteger contra o coronavírus Imagem: Adriano
Machado/Reuters Carlos Madeiro Colaboração
A presença
de casos de coronavírus hoje está restrita a poucas cidades do Brasil, mas a
estimativa de autoridades brasileiras é que, em breve, a covid-19 se espalhe
pelo país. Longe dos grandes centros — que concentram grande parte dos recursos
e leitos —, os municípios pequenos e pobres do Norte e do Nordeste se
prepararam para o aumento da demanda de saúde, mas temem que a falta de
estrutura dificulte o tratamento dos casos mais graves da doença.
Para
tentar ampliar a assistência médica, o Ministério da Saúde lançou edital
emergencial para contratar 5,8 mil médicos em 1.864 cidades de todo o país,
além de 19 DSEIs (Distritos Sanitários Especiais Indígenas). A medida atende
basicamente a municípios de extrema pobreza que estão contemplados pelo
programa Mais Médicos. Também estão prometidos recursos na ordem R$ 5 bilhões
para enfrentamento do vírus no país.
Só a
atuação de médicos, porém, não resolve o problema. "Apesar de a gente ter
uma estrutura de atenção primária à saúde bem funcional na maioria dos municípios,
a nossa rede de saúde, na questão de média e alta complexidade, é muito
insuficiente", diz Januário Cunha Neto, diretor das populações ribeirinhas
e em situação de vulnerabilidade do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde) e secretário de Saúde de Tapauá (AM).
Ele
afirma que as secretarias de saúde têm debatido diariamente os problemas da
rede que devem ser enfrentados com o alastramento do vírus Brasil a fora.
"A gente precisa estar muito atenta a questões de descentralização na
questão do diagnóstico, na abertura de mais salas e mais leitos de isolamento
nos hospitais do interior", afirma.
Ele
afirma que as secretarias de saúde têm debatido diariamente os problemas da
rede que devem ser enfrentados com o alastramento do vírus Brasil a fora.
"A gente precisa estar muito atenta a questões de descentralização na
questão do diagnóstico, na abertura de mais salas e mais leitos de isolamento
nos hospitais do interior", afirma.
Segundo
o secretário, como muitas cidades nem sequer têm hospitais com UTI, haverá
necessidade de equipar salas para tratamento semi-intensivo.
"É
preciso ter, por parte do governo federal e dos estaduais, mais recursos para
que a gente [de cidades mais pobres e menores] possa aparelhar salas e criar
unidades semi-intensivas para esses pacientes", afirma.
Para
Neto, o momento ainda é de construção de plano de contingência pelos
municípios, que já sabem que enfrentarão aumento de demanda em breve.
"Esses planos abordam mais questões educacionais básicas para que a gente possa
conter um pouquinho do espalhamento do vírus. O que precisamos muito é melhorar
nossa estrutura de média e alta complexidade", afirma.
-Organizar o sistema é fundamental
Segundo
infectologista e professor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do
Norte), Kleber Luz, o cenário agora impõe a necessidade de todos os governos se
prepararem para tentar conter a propagação do vírus, especialmente aquelas
cidades que têm estruturas menos equipadas.
"Epidemia
se enfrenta com o que se tem. Nunca o que existe é suficiente, nem aqui, nem na
China, nem lugar nenhum. Então tem de se organizar: abrir mais leitos,
suspender cirurgias eletivas, utilizar o apoio da iniciativa privada; ou seja,
organizar o sistema de referência para os casos graves", diz.
Kleber
Luz explica que não há formas de evitar que o vírus se interiorize pelo país e
chegue a cidades distantes. "Não existe sistema para evitar a
proliferação. Não se tem a menor dúvida que ele vai chegar, só precisamos
acompanhar para ver a dimensão e a intensidade. Ele pode circular muito ou
pouco. Mas repito: é possível enfrentar, desde que se organize", afirma.
Para
ele, com a carência de equipamentos, é necessário ter cuidado na hora de
encaminhar um paciente para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva), por
exemplo. "Não se deve levar para uma UTI quem não tem prognóstico, sem
indicação. Aí ele ocupa durante epidemia e pode faltar para quem precisa",
afirma.
Segundo
dados do CNES, existem no país 4.805 leitos de isolamentos para tratamento nos
hospitais do país, 541 deles na região Norte.
Coronavírus liga alerta pelo mundo
O
infectologista ainda ressalta que os serviços de saúde não devem perder tempo
com os casos leves e deve orientar que nem todos precisam ir a um médico.
"O
que é preciso é o reconhecimento rápido de quem tem a forma grave da doença.
Alguns casos vão demandar UTI, por isso é preciso se organizar. O que não pode
é congestionar o sistema por causas leves. Por exemplo: vai ocupar um médico
com um jovem com sintomas leves? Ele tem de ser orientado a ficar em casa, não
ir a uma unidade. O país não precisa notificar caso leve, não faz nenhum
sentido. O que importa em epidemiologia são os casos graves", afirma.
Casos confirmados de coronavírus no
Brasil
São
Paulo 65
Rio de
Janeiro 22
Paraná
6
Rio
Grande do Sul 6
Distrito
Federal 6
Santa
Catarina 4
Goiás
3
Pernambuco
2
Bahia
2
Minas
Gerais 2
Rio
Grande do Norte 1
Alagoas
1
Espírito
Santo 1
TOTAL
121
Fonte:
Ministério da Saúde
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