Diário do Nordeste
Em alguns pontos críticos, como na localidade de Caieiras, moradores
pagavam R$ 2 para ser transportados em uma canoa Foto: Wandenberg Belém
Recomeçar. Esse verbo tão utilizado em momentos de pós-crise está
difícil de ser empregado em Quiterianópolis, cidade devastada pelas chuvas do
início da semana. Os estragos foram tão grandes que, após o Município decretar
estado de calamidade pública na segunda-feira (16), ontem, o Estado publicou um
decreto semelhante incluindo, além de Quiterianópolis, Crateús, Tauá e Novo
Oriente, que também foram afetadas pelas chuvas.
Pouco mais de um dia após a tragédia que afetou um número ainda
incalculável de pessoas, os moradores encontram dificuldade para se reerguer.
"Não é fácil", reconhece o agricultor Edilson Bezerra. Ele foi um dos
tantos que "perdeu tudo" diante do arrombamento de sete açudes na
zona rural do Município.
"A água subiu com uma força violenta. Me acordei assustado por
volta das 2 horas. Logo depois a casa do vizinho desabou. A minha, às 3h30.
Minha esposa e eu conseguimos escapar pela cozinha. Foi um terror",
rememora.
A coordenadora da Assistência Social do Município, Tays Farias de Brito,
dimensiona bem os impactos da enxurrada. "Comunidades inteiras estão sem
comida, sem água potável, sem energia. Estão completamente ilhadas",
relatou. Pelo menos seis comunidades foram afetadas. As situações mais graves
estão em Santa Rita, São Miguel e Caieiras. Nesta última comunidade, o acesso
se dá apenas através de barcos. A orientação da Defesa Civil é de que os
moradores que residam em áreas de risco, próximo a outras barragens que estão
na iminência de rompimento, "deixem suas casas imediatamente".
Conforme o coordenador da Defesa Civil do Estado, Freitas Filho, os
estragos estão sendo mensurados e, ainda, não é possível precisar quantas
famílias foram afetadas. Três sobrevoos - sendo dois ontem - foram realizados
no Município. O conserto nas paredes dos açudes rompidos deve ser realizado
somente após o nível da água recuar, informou Freitas. As famílias ilhadas
estão sendo removidas das áreas de risco em botes. As desabrigadas foram
levadas para prédios municipais e casas de parentes. A Enel já foi contatada
para normalizar o abastecimento de energia das comunidades. Postes foram ao
chão com a força das águas.
Decretos
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Luiz Claúdio Araújo Coelho,
explica a diferença entre ambos os decretos. "Quando feito pelo município,
os recursos destinados para atender são provenientes do Estado. Quando este
decreto é feito pelo Governo, ele necessariamente tem que atender uma área mais
abrangente, geralmente mais de um município e os recursos são enviados pela
União".
Acompanhamento
As famílias atingidas estão sendo assistidas por profissionais da Saúde
(médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros).
Rede de apoio
Voluntários estão arrecadando roupas, água potável e alimentos
não-perecíveis para as famílias atingidas. Estima-se que mais de mil pessoas
tenham sido afetadas.
Sem acesso
O arrombamento dos sete açudes na zona rural do Município deixou
comunidades inteiras ilhadas e sem acesso. Defesa Civil do Estado e Corpo de
Bombeiros realizam os resgates em botes e barcos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.