Os Três Guardiões: Eleições 2020: teremos uma avalanche de renovação nas Câmaras de Vereadores?

Total de visualizações de página

segunda-feira, 16 de março de 2020

Eleições 2020: teremos uma avalanche de renovação nas Câmaras de Vereadores?

73% dos eleitores entrevistados manifestam a intenção de votar em um candidato a vereador que esteja fora da política e dos nomes que circulam nos grupos tradicionais das cidades

Blog Tribuna Livre
Foto:Divulgação 
Em recente pesquisa do Instituto Travessia – SP, encomendada e publicada originalmente pelo jornal Valor Econômico, aponta-se que 73% dos eleitores entrevistados manifestam a intenção de votar em um candidato a vereador que esteja fora da política e dos nomes que circulam nos grupos tradicionais das cidades. Isso indica uma grande possibilidade de renovação nos legislativos municipais, que, a depender do desenrolar dos fatos nos próximos meses, pode se concretizar, ou não.

A política, mesmo nos municípios interioranos de pequeno e médio porte, deixou de há muito de ser uma atividade amadorística e passou a demandar um grau mínimo de profissionalização, principalmente no cenário dos últimos 4 anos, com o advento e consolidação da ‘vídeo-política’ de que trata o cientista político italiano Giovane Sartori, extremamente potencializada pelas redes sociais e pela novíssima ‘política on-line’.

O que a pesquisa indica é que há chances reais de êxito para os novos nomes da política, ou seja, para aqueles que participam da vida orgânica de partidos, movimentos sociais ou estudantis, grupos de jovens, associações de comunidades etc., mas nunca exerceram cargo público eletivo ou se candidataram a nada, bem como para os outsiders, que são aquelas pessoas que também não tem experiência na política, mas, diferentemente dos primeiros, se apresentam a população com um discurso antipolítica e/ou antissistema. É bastante provável que no pleito de outubro haja um número recorde de candidatos com um desses perfis, mas nem todos terão desempenho proporcional as suas empolgações e expectavas nas urnas. Por quê?

Um dos principais motivos da decepção dos novatos com a votação está geralmente relacionada a ausência de um planejamento estratégico de campanha, já que, como dito no mote central dessa coluna, o voluntarismo é carismático, romântico e socialmente importante, mas insuficiente e isoladamente ineficaz na dura realidade das disputas eleitorais. Com a abundância de postulantes a vereança, a escassez de financiamento e a fortíssima concorrência dos chamados candidatos de mandato, que são os vereadores já eleitos, que contam com equipes montadas, estrutura de campanha e áreas de atuação já carimbadas, a chance dos novatos está diretamente relacionada a organização estratégica dos seus discursos e da dinâmica das suas pré-campanhas e campanhas.

Os postulantes a um primeiro mandato nas Câmaras de Vereadores devem pensar estrategicamente, definindo com clareza as suas bandeiras, público-alvo, áreas de atuação e o núcleo do seu grupo de apoio, já que dificilmente os eleitores votam em candidatos sem causa ou em candidatos de si mesmo (todo candidato é candidato de um grupo, de uma causa). É comum que candidatos a vereadores façam campanhas com discurso de candidato a prefeito, isto é, abordando questões genéricas e propondo soluções para todos os problemas da cidade. Essa estratégia tende a ser ineficaz.

Nessa era das redes sociais podem ocorrer erros estratégicos distintos em relação a elas: negar a sua importância ou, ao contrário, supervalorizar a sua importância. Nas cidades interioranas, principalmente, as redes sociais tem um limite de eficácia nas campanhas, dada a dinâmica das visitas, do aperto de mão e do abraço ainda muito significativos na definição do voto do eleitor (sem contar com o voto de estrutura, assunto que será tratado isoladamente em outra oportunidade). Não dá para descuidar das redes sociais, não manter contas e perfis atualizados e interessantes, mas somente isso não garante o voto. Ainda nessa questão é importante pontuar que mesmo campanhas promissoras, com volume de apoios e financiamento eleitoral que apontam para uma possível vitória podem ser desmontadas por erros estratégicos na propaganda ou na estratégia de atuação. A prática de condutas vedadas e de crimes eleitorais, seja na campanha física ou na on-line, podem inviabilizar a vitória ou mesmo o exercício de um eventual mandato.

A finalidade de um planejamento estratégico eleitoral profissionalizado é justamente o de organizar as campanhas, os discursos e os grupos de apoio, bem como o de garantir a formação política, jurídica e marketeira para que a candidatura seja efetivamente competitiva. Novos postulantes tendem a precisar mais desse planejamento, mas, ao fim e ao cabo, ele é indispensável para todos os concorrentes, pois um outro erro comum nas disputas diz respeito a avaliação equivocada de acreditar que já estar em um mandato garante automaticamente a sua renovação nas eleições seguintes. O cenário político mudou muito nos últimos 4 anos e não necessariamente a estratégia exitosa em 2016 será novamente vitoriosa em 2020. Quem errará menos, os novatos ou os políticos tradicionais, com ou sem mandato?

Esse é o ponto crucial: a disputa começou, já está aberta a temporada de pré-campanha e quem ainda não tem um plano estrategicamente definido, ainda não se apresentou a sociedade com a sua biografia e propostas, precisa fazê-lo urgentemente, se quiser ser um competidor real e não apenas mais um na disputa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Quem é Manoelzinho Canafístula

Minha foto
Itarema, Ceará, Brazil

Pesquisar este blog

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *