Do
UOL, em Brasília
RESUMO
DA NOTÍCIA
Presidente
da República enfrenta crise em seu partido há meses
hpje,
ele oficializou que deixará a sigla, o PSL, e migrará para um partido novo
PSL
esteve envolto em suspeitas de candidaturas laranjas
O
presidente Jair Bolsonaro anunciou hoje a saída dele do PSL e confirmou a ida
ao partido Aliança pelo Brasil, ainda a ser criado, segundo parlamentares do
PSL após reunião no Palácio do Planalto.
A
reunião serviu para oficializar a decisão de sair do PSL aos aliados e discutir
os meios da criação da nova sigla. Bolsonaro ainda não formalizou a desfiliação
do PSL. Após se desfiliar, ele deve ficar sem partido até a criação do Aliança
pelo Brasil.
Por
ordem de Eduardo, deputado do PSL é "desconvidado" de reunião com
Bolsonaro
Eduardo
Bolsonaro fala em ser "eleito governador", mas Constituição proíbe
"A
gente acabou de sair da reunião com o presidente, na qual ele anunciou a saída
dele do PSL. E ele vai para um novo partido que vai se chamar Aliança pelo
Brasil", declarou a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF).
O
deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) disse que a expectativa é que cerca
de 30 parlamentares do PSL migrem para a nova sigla junto com Bolsonaro. Nomes
ainda não estão definidos.
O PSL conta hoje com 53 dos 513 deputados federais, segunda maior bancada atrás apenas do PT, e três dos 81 senadores. O Aliança pelo Brasil também está aberto para abrigar políticos atualmente em outros partidos, falou Silveira.
A
informação foi confirmada também pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PSL-RO),
presente à reunião. O presidente ainda não se manifestou sobre o tema após o
encontro. Uma possibilidade é que Bolsonaro faça o anúncio em seus perfis nas
redes sociais.
Ontem,
à coluna de Constança Rezende, o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) afirmou
que acompanharia o presidente Bolsonaro em uma eventual migração para um novo
partido.
Próximos
passos
Seguindo
a Justiça Eleitoral, o grupo agora precisa colher 500 mil assinaturas em ao
menos nove estados e entregá-las ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até março
de 2020 para que o Aliança pelo Brasil possa lançar candidatos próprios nas
eleições municipais do ano que vem. Estarão em disputa os cargos de prefeitos e
vereadores.
A
vontade dos pesselistas dissidentes é que a coleta de assinaturas para a
criação do novo partido seja feita por meio de aplicativo com certificação
digital a fim de acelerar o processo.
O
desenvolvimento da ferramenta é supervisionado por advogados contratados pela ala
pró-Bolsonaro para que esteja adequada a todas as exigências do tribunal. Os
principais advogados à frente da iniciativa são Karina Kufa, que representa
Bolsonaro, e Admar Gonzaga, ex-ministro do TSE.
Questionado
sobre a viabilidade do aplicativo, Silveira disse que a coleta eletrônica é
"bem segura, rápida e aceita".
"Não
restam dúvidas de que se o presidente fizer o teste hoje e publicar que está
criando um novo partido, ele consegue coletar um milhão [de assinaturas] em 24
horas", afirmou.
Silveira
acrescentou que se o novo partido não for criado até março do ano que vem, os
dissidentes pretendem continuar no PSL — a não ser que sejam expulsos.
O
receio dos deputados federais é que percam o mandato se forem acusados de
"infidelidade partidária" ao saírem do PSL antes do período para
trocas, previsto para março de 2022.
Presidente,
governadores, senadores e prefeitos podem mudar de partido sem justa causa, de
acordo com entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal).
Indagados
sobre a situação da fatia do fundo partidário do PSL, em jogo com as mudanças,
Kicis e Silveira procuraram minimizar a questão e disseram que a ida para o
novo partido irá ocorrer, com ou sem transferência de recursos do PSL para o
Aliança pelo Brasil.
Os
pesselistas dissidentes vão promover a primeira convenção nacional do Aliança
pelo Brasil em 21 de novembro, em Brasília, segundo deputados. O estatuto e
mais detalhes devem ser revelados na ocasião.
Bia
Kicis afirmou esperar que Jair Bolsonaro assuma a presidência do novo partido.
Uma definição, no entanto, não está tomada.
Bolsonaro
pede para apoiador esquecer o PSL e diz que Bivar está 'queimado'
Crise
com o PSL
A rixa
entre Jair Bolsonaro e o PSL teve início já e fevereiro, quando Gustavo Bebiano,
então ministro da Secretaria-Geral da Presidência foi exonerado após brigar
publicamente com o vereador fluminense Carlos Bolsonaro.
Naquele
mesmo mês, o principal cacique do PSL, o presidente nacional da sigla Luciano
Bivar, era alvo de investigações da PF (Polícia Federal) e MP (Ministério
Público) que apuravam se ele havia feito uso de caixa dois durante a campanha
eleitoral.
Em
março, a Justiça Eleitoral autorizou a PF a investigar uma candidata do PSL em
Pernambuco que teria atuado como laranja para que o partido recebesse R$ 400
mil em verba pública eleitoral. Essas denúncias irritaram Bolsonaro.
Além
disso, ao longo do primeiro semestre, membros do PSL votaram contra o governo
na Câmara, como na PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que engessou parte
do Orçamento e tornou obrigatório o pagamento de despesas que poderiam ser
adiadas.
Depois,
o deputado federal Alexandre Frota deixou o PSL-SP e foi para o PSDB fazendo
críticas públicas públicas ao presidente e seus três filhos políticos: Flávio,
Eduardo e Carlos Bolsonaro. Junto a Frota, o então líder do PSL na Câmara,
deputado Delegado Waldir (GO), também os criticou com veemência.
Sem
saber que estava sendo gravado, Bolsonaro pediu para um simpatizante apagar um
vídeo em que enaltecia Luciano Bivar, afirmando que o presidente da sigla
estava "queimado pra caramba" e recomendou ao apoiador esquecer o
PSL. Uma semana depois, a PF deflagrou operação de busca e apreensão contra
Bivar.
Em
outubro, houve nova rusga entre Delegado Waldir e Eduardo Bolsonaro. Pelo
braço-de-ferro, Eduardo assumiu a liderança do PSL na Câmara. Waldir saiu
atirando, chamando o presidente de "vagabundo" e prometendo
implodi-lo.
Como
líder do PSL, Eduardo substituiu a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) como
líder do governo no Congresso pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO).
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