Pesquisa mostra que a população negra
está melhorando seus índices educacionais, tanto de acesso como de permanência
Pixabay
A proporção de pessoas pretas ou
pardas (que compõem a população negra) cursando o ensino superior em
instituições públicas brasileiras chegou a 50,3% em 2018. Apesar desta parcela
da população representar 55,8% dos brasileiros, é a primeira vez que os pretos
e pardos ultrapassam a metade das matrículas em universidades e faculdades
públicas.
Os dados estão no informativo
Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado nesta quarta-feira
(13), no Rio de Janeiro, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). A comparação foi feita com as informações do suplemento de
educação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio —
Contínua), que começou a ser aplicado em 2016.
A pesquisa mostra que a população
negra está melhorando seus índices educacionais, tanto de acesso como de
permanência, apesar de ainda se manter bem atrás dos índices medidos entre as
pessoas brancas.
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sofrem mais com violência, diz IBGE
A proporção de jovens de 18 a 24 anos
pretos ou pardos no ensino superior passou de 50,5% em 2016 para 55,6% em 2018.
Entre os brancos, a proporção é de 78,8%. Na mesma faixa etária, o número de pretos
e pardos com menos de 11 anos de estudo e que não estavam frequentando a escola
caiu de 30,8% em 2016 para 28,8% em 2018, enquanto o indicador para a população
branca é de 17,4%.
Outros percentuais
Os que já haviam concluído o ensino
superior somavam 36,1% dos brancos e 18,3% dos pretos e pardos, enquanto a taxa
de ingresso no terceiro grau é de 53,2% entre os brancos e de 35,4% entre
pretos e pardos. Na faixa de 18 a 24 anos que concluiu o ensino médio, mas que
não estava estudando por trabalhar ou precisar procurar trabalho, 61,8% eram
pretos ou pardos.
A taxa de analfabetismo para pessoas
acima de 15 anos, entre pretos e pardos caiu de 9,8% em 2016 para 9,1% em 2018.
Entre os brancos, a taxa é de 3,9%. Na frequência à creche ou escola, crianças
pretas ou pardas de até 5 anos passaram de 49,1% para 53%, enquanto 55,8% das
crianças brancas estão nessa etapa da educação.
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30% dos cargos de chefia
Nos anos iniciais do ensino
fundamental, para crianças de 6 a 10 anos, não há diferença significativa, com
96,5% das brancas e 95,8% das pretas ou pardas frequentando a escola.
A analista de indicadores sociais do
IBGE Luanda Botelho disse que a melhora das estatísticas é reflexo de políticas
públicas que proporcionaram o acesso e permanências da população preta e parda
na rede de ensino.
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“O estudo mostra para a gente que
para todos os indicadores educacionais há uma trajetória de melhora desde 2016.
Isso se reflete em menor atraso escolar, mais pessoas pretas ou pardas
frequentando a escola na etapa de ensino adequada para a idade, menor abandono
escolar, mais pessoas pretas ou pardas concluindo o ensino médio e ingressando
no ensino superior”, afirmou.
Os rendimentos de pretos e pardos se mantêm abaixo do segmento de brancos. O
rendimento médio mensal entre brancos é de R$ 2.796 e entre pretos e pardos cai
para R$ 1.608, uma diferença de 73,9%. Na comparação apenas entre quem tem
curso superior, os bancos ganhavam por hora 45% a mais do que os pretos e
pardos.
Para o pesquisador do IBGE Claudio
Crespo, a melhora nos indicadores dos negros é relevante, mas como a
desigualdade é histórica e estrutural, os ganhos para a população preta ou parda
só aparecem com organização e mobilização social e políticas públicas
direcionadas.
“A intervenção de políticas públicas
é um fator essencial para a redução dessa desigualdade. Onde há avanços
percebidos, apesar da distância que ainda reside, são espaços em que houve
intervenção de políticas públicas e também organização do movimento social para
a conquista de uma sociedade mais igualitária. Como as cotas para acesso ao
nível superior”, explicou.
Representação política
Na representação política, os pretos
e pardos também ficam muito atrás dos brancos, com apenas 24,4% dos deputados
federais eleitos em 2018 tendo se declarado negros. Entre os deputados
estaduais, o número sobe para 28,9% e, entre os vereadores eleitos em 2016, o
índice sobe, com 42,1% tendo se declarado preto ou pardo.
Segundo o estudo do IBGE, a
sub-representação começa nas candidaturas, com a autodeclaração de pessoas
pretas e pardas totalizando 41,8% dos candidatos a deputado federal, 49,6% dos
que tentam uma vaga nas assembleias estaduais e 48,7% dos que querem ser
eleitos vereadores.
No recorte de verbas utilizadas nas
campanhas, 9,7% dos candidatos brancos a deputado federal tiveram receitas
superiores a R$ 1 milhão e, entre pretos ou pardos, o índice ficou em 2,7%. A
representação das mulheres pretas ou pardas chega a apenas 2,5% dos deputados
federais, 4,8% dos deputados estaduais e 5% dos vereadores.
Considerando todas as mulheres, elas
representam 16,9% da Câmara dos Deputados, 31,1% das assembleias estaduais e
36,8% das câmaras municipais.
Os dados de cor ou raça só começaram
a ser coletados pela Justiça Eleitoral em 2014, com a pergunta inserida na
inscrição da candidatura.
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