G1
Médicos se dizem preocupados com pacientes graves por coronavírus com
menos de 50 anos. Foto: Divulgação
Os médicos estão chamando a atenção para o avanço da Covid-19 em
pacientes mais jovens.
Uma carreira de chef, o plano de uma doceira, casamentos, filhos. A
Covid-19 roubou uma vida inteira da vítima mais jovem da pandemia no país. Doze
dias depois de ter os primeiros sintomas, Matheus, de 23 anos, morreu no
hospital.
"Matheus era uma pessoa saudável. O único problema que ele tinha a
obesidade. Altamente ativo, não ficava em casa, ele sempre saia, não tinha
nenhum tipo de doença. Eu gostaria de deixar um apelo a vocês, quem puder ficar
em casa, fique, isso é sério pessoal", disse Maxwell, irmão do Matheus.
A foto registra a solidariedade da vizinhança, agora que a família não
passa da porta de casa. O teste positivo para coronavírus confirmou: a
radialista Marília Oliveira, de 42 anos, e o marido estão contaminados.
“Para mim começou com muita tosse, uma tosse seca, curta e que era muito
recorrente, começou a ficar muito importante. O dia que consegui lavar o cabelo
foi toda minha energia naquilo, não consegui fazer mais nada”, contou Marília.
“Vou te falar que inicialmente eu estava tranquilo, imaginei que fosse
contagiado, por ser médico, por trabalhar no pronto-socorro, mas quando fui
internado e fui para a UTI, realmente fiquei bastante preocupado. Não esperava
ter um quadro desse tipo por não ter comorbidade associada”, contou Vitor Luis
Pereira.
Os médicos brasileiros ainda estão conhecendo de perto o vírus. Os
sintomas, o impacto nos pulmões e em outros órgãos vitais, o tratamento. Com a
experiência em outros países, já se sabe que a doença pode levar à morte
especialmente idosos pessoas com outras doenças. Agora, preocupa também os
médicos o número de pacientes, com menos de 50 anos, internados em estado grave
na UTI.
São Paulo é o estado com o maior número de casos. A maioria dos doentes
tem entre 20 e 39 anos, segundo o último balanço do governo do estado. O
segundo maior grupo de infectados tem idade entre 40 e 59 anos. Os pacientes
acima de 60 anos são 20%.
“O paciente idoso tem uma parte de reserva menor cardiopulmonar, então a
chance de um paciente mais grave é maior na população mais idosa comparada à
população mais jovem. Mas isso não significa que o jovem pode ter um quadro
grave, até um desfecho fatal, comparada à população mais idosa”, explicou
Álvaro Furtado da Costa, infectologista do Hospital das Clínicas.
O exame da paciente de 36 anos, internada em coma induzido, mostra
metade dos pulmões comprometida. Em outro paciente de 42, o vírus também gerou
infiltrações nos pulmões. Ele respira com ajuda de aparelhos há uma semana.
O infectologista do Hospital das Clínicas já viu mais casos de jovens
desse jeito do que esperava.
“A questão do jovem ter o quadro mais grave ainda, a causa disso é
desconhecida, mas a resposta exagerada do organismo, do jovem apresentando o
vírus com muita inflamação do pulmão, pode ter uma complicação dessa forma
grave em pacientes jovens que não têm nenhuma doença de base”, avaliou Álvaro
Furtado da Costa.
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